quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A força de um só discípulo

Os ensinamentos de Jesus Cristo são tão poderosos que, se apenas um ser humano colocá-los em prática, eles provocam uma reação em cadeia incapaz de ser detida. Ela só pode ser estagnada, se todos os que participam desta cadeia forem mortos.
Um discípulo de Cristo está a serviço do Reino de Deus e ele conhece as condições para a construção deste reino. Um discípulo de Cristo não convive com a injustiça, com a violência, com a exploração, com a destruição da natureza, com a poluição das águas ... Ele tem as soluções e grita aos quatro ventos e não se cala, enquanto não se faz ouvir. E quando se faz ouvir, passa a incomodar muita gente e então ganha forças; e se não for expulso da terra constrói um reino eterno.
A concretização do Reino de Deus está próximo. A semente já foi lançada e espalhada pelo mundo todo, já correu o tempo para que ela pudesse crescer e formar os grãos. Vem agora a fase final e definitiva: a colheita. "Um é o que semeia e outro, o que colhe." Falta apenas um passo, tão pequeno para um homem, mas tão grande para a humanidade. Este passo consiste basicamente no seguinte: Um homem renuncia a tudo o que possui por causa do reino de Deus e ele impõe para quem quiser segui-lo a mesma condição "Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo (Lc. 14,33)". Este fato aconteceu há dois mil anos, provocou uma reação em cadeia e abalou um império. Você imagina o que significa mais de mil adeptos num só dia, depositando as suas posses diante dos apóstolos? (At. 4,34-35) Isto fez tremer o Império Romano, que só conseguia conquistar terras na base da espada. Estes cristãos foram perseguidos, caçados, dispersos, mortos. Os romanos não cessaram de persegui-los até quebrar o elo que alimentava a cadeia (Lc. 14,33). Quebrando este elo, eles mesmos, os romanos, tornaram-se "cristãos". Mas que espécie de cristão é este, que continua se valendo da espada? Não só não renuncia a tudo o que possui, senão que continua invadindo terras, desalojando os mais fracos? "O sal é uma coisa boa, mas se vier a perder o seu sabor, com que haverá de recuperá-lo?(Lc. 14,34)"
O resultado está aí. Mais de dois bilhões de cristãos. O mundo se acabando e não há nenhum esboço de reação. "O sal não servirá nem para a terra nem para adubo, mas lançar-se-á fora." (Lc. 14,35)
Tudo isto, no entanto, faz parte da história. Era necessário. Agora, basta um pequeno passo de um só homem e o sal recobra o seu sabor. Dá-se início a uma nova reação em cadeia, mas desta vez será impossível detê-la.

sábado, 10 de outubro de 2009

Muros na história

O aniversário de vinte anos da queda do Muro de Berlim é realmente motivo de comemoração. No entanto, se observarmos a história, nunca a humanidade se viu cercada por tantos muros.
Nos primórdios da humanidade a terra era um reino sem muros. Qualquer ser vivo podia caminhar milhares de quilômetros num mundo sem fronteiras.
No decorrer da história as fronteiras e os muros cada vez mais foram se colocando entre um povo e outro, entre uma pessoa e outra: Muralha da China, Muro de Berlim, muro entre os Estados Unidos e México, muro entre Israel e Palestina, muro entre as duas Coréias, muro entre África e Europa, muro das cadeias, muro do nosso condomínio, muro das nossas casas, muro das escolas, muro das igrejas etc.
Estas são muralhas concretas, mas há ainda as invisíveis, como a entre negros e brancos, a do preconceito contra homossexuais, preconceito contra prostituras e tantas outras.
Não é difícil perceber que as pessoas mais humildes, como por exemplo os moradores de rua não se escondem atrás de muro algum. Por outro lado, pessoas famosas, chefes de nãções etc são as que mais se beneficiam desses muros.
O curioso é que são justamente elas que tem maior influência sobre as pessoas e pregam a destruição dos muros. De modo geral tendemos a acreditar que estamos num mundo mais livre do que o de outrora. Não se trata de um contrasenso, já que a liberdade pressupõe um mundo sem muros?
A construção de muros está diretamente relacionada à defesa das propriedades. Quanto mais propriedades tanto mais seguros devem ser os muros. Num mundo que cada vez mais se enclausura, qual é a solução de Jesus Cristo para a queda dos muros?
"Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo". (Lc. 14,33) O mundo jamais poderá ser livre e sem muros se não observar esta máxima. Só construímos muros para protegermo-nos de pessoas que consideramos menos dignas do que nós. Só podemos construir um mundo sem muros se renunciarmos à posse e nos unirmos para formar uma sociedade como a dos primeiros cristãos. (Atos 2,44ss)