sábado, 27 de abril de 2013

O Reino dos Justos está próximo

“Aparta-te do mal e faze o bem, para que permaneças para sempre,
Porque o Senhor ama a justiça e não abandona os fiéis,
Os ímpios serão destruídos, e a raça dos ímpios exterminada,
Os justos possuirão a terra, e a habitarão eternamente” (Sl 36,27-29)

sábado, 20 de abril de 2013

E Ele estava no último

Eis que os homens estavam todos com grande medo uns dos outros. Ninguém mais podia confiar em ninguém. Em função disso, havia uma precaução muito grande em relação ao outro. Todas as ações estavam cuidadosamente regulamentadas e as câmaras eram como olhos gigantes que tudo observavam. As casas eram como pequenas prisões, mas mesmo dentro delas não havia segurança. Os pais desconfiavam de seus próprios filhos e estes dos pais. Marido e mulher tinham perdido a noção do amor profundo, da união perfeita e da unidade familiar. Era então o ser humano uma partícula desconexa entre bilhões, incapaz de unir-se plenamente a qualquer uma delas. A desconfiança instalara-se em todos os âmbitos de sua vida e uma solidão tenebrosa abateu-se sobre ele.
Então do céu ouviu-se um grande estrondo e era uma voz que dizia: “O meu filho está novamente em carne e osso entre vocês. Ele vai agora trazê-los definitivamente para mim. O vosso desafio consiste em encontrá-lo. Como nesses últimos dois mil anos ele foi muito surrado, teve seu rosto deformado, sofreu grandes dores, sua memória se apagou, não consegue mais se lembrar de quem ele é. Somente quando ele for encontrado e salvo, assim como ele sempre salvou, ele recobrará a sua lucidez e todos os seus poderes.”
Esta voz trouxe para terra uma grande corrida, e desta vez não era uma corrida em busca de metais preciosos. Um pai levou para dentro de casa um mendigo e a família se juntou em torno dele. Banharam-no em água de cheiro, trouxeram-lhe as melhores roupas, cuidaram das suas feridas. Em outra casa, o filho resolveu trazer da rua um viciado em crack. Na casa vizinha a mãe apoiou a filha a dividir o quarto com uma prostituta. Criou-se um verdadeiro caos na busca por ele. Nos hospitais, nos asilos, nas prisões, nos orfanatos fazia-se lista de espera para levar um deles para dentro de casa e devolver-lhe a segurança e o conforto de viver. Em pouco tempo, assim como quando se constrói um estádio de futebol para a copa do mundo, a cidade ficou perfeita. Isto irritava os moradores, não queriam a perfeição. Não antes de encontrá-lo.
Então foram buscá-lo em outras cidades, em outros países. Houve uma grande corrida rumo a África. Mas ali também em pouco tempo, esgotaram-se as possibilidades. Alguns enlouqueceram completamente e colocavam placas em suas casas: “Ao ladrão que entrar nesta casa, pertencem todos os meus bens.” Quando já não se encontrava mais sobre a terra nem sem teto nem sem terra, a concorrência se acirrou ainda mais. Era como nos Jogos Olímpicos. Para desafiar o vizinho, o Eiri Bautista, homem absolutamente rico, publicou no jornal o seguinte anúncio: “Procura-se pessoa humilde para trocar de residência comigo.” Como não encontrasse ninguém ficou irritado e aumentou a oferta: “Estou doando todos os meus bens ao homem mais pobre deste planeta.” Os mais ricos ficaram enfurecidos com esta provocação e fizeram o mesmo.
Ao final desta disputa a terra estava como que rejuvenecida. Caíram as grades, os muros, as fronteiras. Também as águas, o ar e as florestas recobraram a sua força, porque os homens acharam que ele poderia estar nelas. Quando tudo estava perfeito, sentindo-se exaustos e felizes por tê-lo procurado, como ao final de um grande jogo ou de uma grande batalha, a humanidade descansou.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Conhecer-se a si mesmo

O que seria na prática conhecer-se a si mesmo?
Acho que uma boa definição seria esta: É saber que cada ser humano, por menor que seja, carrega em si o potencial de mudar a sua história e a da humanidade.
Mas como ver no outro esse potencial, se ele não está em mim mesmo?
Nisto consiste toda a ciência de Cristo. Quem o conhece sabe que mesmo o maior dos ditadores assim como o menor dos seres humanos carrega em si o potencial de transformar o mundo, de trazer o Reino de Deus para a terra.
O fato de voltar-se para o mais fraco, o excluído, é porque este está em melhores condições de ouvi-lo. Este excluído já apanhou tanto que prefere ficar à margem a voltar aos braços de um pai perverso. É como a mulher que apanhou tanto do marido que prefere morrer a voltar para ele. O trabalho de Jesus Cristo não é o de chamar o excluído de volta para aquele que o excluiu, mas introduzi-lo em um mundo novo, chamado Reino de Deus. Quando este herói fraco souber que este que o chama é de fato o Justo, então ele vai segui-lo e desenvolver todo o seu potencial e tornar-se ele mesmo o Justo.
Quanto aos incluídos, os que ainda se sentem fortes o bastante para continuar a suportar a luta cada vez mais acirrada, só estarão preparados para assumir um novo Reino, quando lhes acontecer o que aconteceu com o excluído. Aí estarão dispostos a refletir sobre uma nova visão. E é neste momento, o de maior necessidade, que o Reino de Deus lhes virá de encontro. E é a partir deste herói verdadeiramente fraco que o Reino de Deus será construído. É praticamente a repetição da história ocorrida há dois mil anos. Quando se esperava um rei todo poderoso, nasce um menino absolutamente pobre. Os que não estavam preparados nunca viram o Reino de Deus. Esta sempre foi a verdade e ela nunca mudará: os que não estão preparados, não podem entrar no Reino de Deus, estão privados de vê-lo, não podem acolhê-lo.