sábado, 5 de setembro de 2009

TOMAI E COMEI!





Nasce aqui um novo reino!


























Alceu João Gregoy









Agradecimentos...







Quero agradecer ao filho Dimas, à filha Luana, e principalmente à Maria das graças Alves dos Santos, esposa, pois eles são os astros colocados no meu caminho que me permitiram reconhecer-me e ver-me. Também quero pedir perdão pelas mágoas e dores que lhes causei para que pudesse me tornar o que sou. Mas tudo isso não foi em vão, haverá grandes recompensas.
Quero agradecer também ao pai, à mãe, aos irmãos e a todos os antepassados, pois eles são o caminho que me trouxe até aqui.
Agradeço também aos colegas, aos alunos, aos amigos e a todos que encontrei, pois, cada um, a seu modo, contribuiu na minha formação. Na verdade estou agradecendo ao Pai, que agora ouço, pois ele é tudo o que me cerca, tudo o que vejo e não vejo. Tudo o que sei e não sei. Tudo o que sou.


Tornei-me um homem absolutamente rico e acho difícil ser mais rico. A única forma de aumentar a minha riqueza seria multiplicar-me. E meu pai me garante que pode me transformar em bilhões, pois a ele tudo é possível. Não se trata de clonar-me, como querem muitos cientistas. A clonagem perfeita não está na carne, nos ossos, na aparência física, mas sim no espírito. Este porém não se deixa clonar. Somente por meio de um trabalho duro, consciente, inteligente pode-se chegar a ele. Por isso não é possível ser sem primeiro passar pelo processo de tornar-se. Não nasci o que sou, mas tornei-me...
Quem defende o uso de armas, mesmo que seja em legítima defesa, não deveria se passar por Jesus Cristo. Quem depende do uso delas para assegurar a sua riqueza, não pode tomar parte com ele. Quem as usa para garantir a sua segurança, não devia usar o nome dele. Quem diz que não mata, mas defende leis que matam por ele, não devia tocar no nome dele.
A segurança de um tesouro não pode depender de armas. Se isto está acontecendo, então ainda não encontramos o caminho para nos tornarmos ricos de fato. A multiplicação da riqueza não pode carecer de segurança militar nem de cofres nem de chaves ou travas.




Introdução


Indignado até o fundo da minha alma com as injustiças, com a violência, com a corrupção, com a destruição das belezas espirituais e naturais, indignado profundamente por causa de todos os males, e que a cada dia mais se agravam, abandonei na infância pai, mãe, irmãos, e agora que meus filhos estão crescidos lanço-me com todas as forças na construção de uma nova casa: busco em primeiro plano voluntários para reconstruir a sociedade dos primeiros cristãos. “Viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um.” (Atos, 2,44-45). “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum... Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas, e traziam o preço do que tinham vendido e depositavam-no aos pés dos apóstolos. Repartia-se então a cada um deles conforme a sua necessidade.” (Atos 4, 32-35) Creio que esta é a base para a construção de uma sociedade justa. Venho para reunir forças em favor da paz. Começa aqui uma guerra contra a guerra, contra a fome, contra todo o tipo de violência, discriminação e ignorância. Esta guerra só terá fim quando a paz almejada por Gandhi, pelos Maias, por tantos santos, por Jesus Cristo, pela humanidade inteira, principalmente pelos que agora sofrem por não terem esta paz, e que é um direito universal, esta guerra só termina quando esta paz for alcançada. “Podem me bater, podem quebrar os meus ossos e até me matar, mas não terão a minha obediência.” (Gandhi)

Não há pressa para a realização deste projeto. Quero saborear intensamente cada passo na direção dele, pois cada passo é como uma barra de ouro colocada cuidadosamente na construção de um reino justo. Ele não depende apenas das minhas carnes e dos meus ossos, mas se assenta no espírito de quem primeiro deu a sua vida por um reino justo e que se tornou o fundamento deste reino: Jesus Cristo. Pretendo me aproximar mais e mais das idéias de Jesus Cristo e colocá-las em prática. Enquanto houver alguém acreditando nelas, sonhando com elas e principalmente praticando-as, podemos ter esperanças de um mundo melhor.
“Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá.” (João 11,25-26) A vida de Cristo está na prática de suas idéias. A cruz não afetou as suas idéias, ao contrário fortaleceu-as.
De nada adiantará clonarem as carnes de Jesus Cristo, isto não o trará de volta. A sua volta depende de que alguém copie, clone as suas idéias e as coloque dentro de seu cérebro. E isto só pode acontecer com alguém que busca um mundo justo e livre de todas as maldades. Quem busca isto sem cessar, durante noite e dia, chegará às mesmas idéias de Jesus Cristo, mesmo que nunca tenha ouvido falar dele. Se não há ninguém no mundo que tem um projeto perfeito, pelo qual entrega seu sangue e seu corpo, para acabar com toda injustiça e maldade, então Jesus Cristo ainda não ressuscitou. Ressuscitou, mas deixamo-lo morrer. E aqui compreendemos porque estamos esperando a sua volta. Mas quando ele voltar todos ficarão sabendo, pois ele não suporta as injustiças e vai reunir um exército para combatê-las e construir um reino justo.
O mistério da ressurreição de Jesus Cristo reside nesta compreensão: Como construir um mundo justo, sem violência...? Se eu tenho o projeto perfeito e invisto tudo nele e ele posto em prática liberta a humanidade das mazelas, então eu sou Jesus Cristo e ressuscitei dentre os mortos. Se isto ainda não aconteceu comigo, então eu preciso ir àquele túmulo, onde ele foi enterrado, sobre o qual colocaram uma enorme pedra e em volta soldados para vigiá-lo... Preciso eu mesmo ir até lá, driblar os guardas, remover a pedra e deixá-lo ressurgir, pois eu não sou nada mais do que o túmulo onde ele se encontra enterrado.












































ÍNDICE

1. Minha missão.............................................................. 05

2. A grande batalha, o Apocalipse............................... 10

3. Propriedade, dinheiro e hierarquia ......................... 13

4. Duas casas dois senhores ....................................... 21

5. Os fariseus de hoje.................................................... 26

6. A grande missão........................................................ 32

7. Qual é a fé de vocês?................................................. 37

8. A volta do filho pródigo.............................................. 39

9. A volta do filho do homem......................................... 41

10. As ovelhas que se tornaram lobos........................... 47

11. Prenúncio de uma nova família................................. 48

12. Quem é Jesus Cristo.................................................. 52

13. SIC................................................................................. 57

14. Visão maia de uma nova era..................................... 59


















Minha missão

Tendo concluído pela Universidade de São Paulo em 2004 a minha tese de doutorado em língua e literatura alemã, eu, Alceu João Gregory, no entanto, fui chamado na escuridão da noite para colocar-me a serviço de um reino de paz e justiça, venho para dar início à minha missão. Tenho por meta reunir um exército de anjos, que se levantará contra todas as maldades que cobriram e cobrem a terra. Este exército lutará uma guerra justa até que toda a terra se cubra da sabedoria divina. As armas deste exército são as mesmas usadas por Jesus Cristo, que é o fundamento, a pedra angular que os construtores rejeitaram e sobre a qual agora será erguido o seu Reino. Estão convocados para participarem desta batalha todos os que se cansaram das atrocidades e que reconhecem Jesus Cristo como o enviado e que trouxe até nós um Reino de paz. Estes são soldados, fiéis e verdadeiros, que não se vendem por um saco de dinheiro e que só descansarão quando devolverem o mundo para as mãos da igualdade, liberdade e fraternidade.
“Tomai e Comei” não é apenas um livro, ficção, palavras. O que está aqui existe em mim, ainda como um grão de mostarda, mas há de crescer e tomar o mundo. Eu sou a palavra viva, o verbo que se fez carne, a união perfeita entre criador e criatura. Venham sentar-se comigo à mesa no meu reino que desde o princípio vos está preparado. Não precisa avisar, estou sempre em casa, quando as minhas carnes não estão, mesmo assim meu espírito continua lá e a casa está sempre aberta. Vocês que lutam incansavelmente para a realização de seus sonhos, de seus desejos, mas que na calada da noite sempre são surpreendidos por algum mal e vocês que não suportam mais as acusações por serem prostitutas, homossexuais, ladrões, incompetentes no emprego, maus filhos, pais ou cônjuges, vocês que sucumbem mediante o peso dos impostos e as preocupações com as contas que não param de chegar; vocês que lutam para preservar a natureza, vocês, que são políticos, mas cada vez mais sentem-se impotentes; vocês que já não agüentam mais ouvir falar da morte... venham todos sentar-se comigo à mesa: tomai e comei. O reino de justiça, paz e vida eterna prometido aos filhos de Deus já é um grão de mostarda e pode ser visto e tocado. Ao entrar na minha casa, no meu reino e morarem comigo, os cegos verão, os famintos serão saciados, os ladrões nunca mais tornarão a roubar; as prostitutas, os homossexuais tornam-se santos, os desempregados tornam-se donos da empresa mais eficiente, que vai dominar o mundo; os coxos, os mancos, os que não podem mais andar, andarão como jamais imaginaram e os mortos vão ressuscitar. Falo por mim mesmo: era surdo e tornei a ouvir, era mudo e tornei a falar, era cego e tornei a ver, era morto e tornei a viver. Quem entra na minha casa, quem conhece a minha casa, senta-se comigo à mesa, come, bebe e dorme, decide que esta é também a sua casa, ali faz morada eterna comigo. Estes acreditam de fato em mim e verão todos estes milagres.
Vim para que se cumpram as profecias de paz de uma nova geração anunciada pelas Sagradas Escrituras. Não estou a serviço de idéias mirabolantes, misteriosas ou milagreiras. Lanço-me justamente para desmistificar e debater idéias no plano de uma inteligência simples, lançar mão dos ensinamentos de Jesus Cristo, que estava morto em mim, mas tornou a viver.

No Apocalipse podemos ler:

“Vi então outro anjo vigoroso descer do céu, revestido de uma nuvem e com o arco-íres em torno da cabeça. Seu rosto era como sol, e as suas pernas como colunas de fogo. Segurava na mão um pequeno livro aberto. Pôs o pé direito sobre o mar, o esquerdo sobre a terra e começou a clamar em alta voz como um leão que ruge. Quando clamou, os sete trovões ressoaram. Quando cessaram de falar, dispunha-me a escrever, mas ouvi uma voz do céu que dizia: ‘Sela o que falaram os sete trovões e não o escrevas.’
Então o anjo, que eu vira de pé sobre o mar e a terra, levantou a mão direita para o céu e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, que criou o céu e tudo o que há nele, a terra e tudo o que nela contém, o mar e tudo o que encerra, que não haveria mais tempo; mas nos dias em que soasse a trombeta do sétimo anjo, se cumpriria o mistério de Deus, de acordo com a boa nova que confiou a seus servos, os profetas.
Então a voz que ouvi do céu falou-me de novo, e disse: ‘Vai e toma o pequeno livro aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e a terra.’ Fui eu pois ter com o anjo, dizendo-lhe que me desse o pequeno livro. E ele me disse: ‘Toma e devora-o! Ele te será amargo nas entranhas, mas, na boca, doce como o mel.’ Tomei então o pequeno livro da mão do anjo e o comi. De fato, em minha boca tinha a doçura do mel, mas depois de o ter comido, amargou-me nas entranhas. Então foi-me explicado: ‘Urge que ainda profetizes de novo a numerosas nações, povos, línguas e reis.’ ” (Apoc 10, 1-11)

Eu sou Alceu. Alceu significa vigoroso, forte (refiro-me ao espírito). Minha mãe se chama Maria Ires e ela é o arco-íres em torno da minha cabeça. O arco-íres tem sete cores, ela tem sete filhos. Eu sou o terceiro. O arco-íres é o sinal da promessa de Deus que marca a caminhada do povo de Deus de Noé até a realização dessas promessas. Nasci em 15/07/1965. O meu segundo nome é João que significa Deus é misericórdia. Jesus foi anunciado por João Batista e a sua volta foi profetizada por João, o evangelista, no Apocalipse. O meu sobrenome é Gregory que significa vigilante. “Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor” (Mt.24,42).



Quem entende de nomes, de números, de astrologia, que faça as comparações. O pequeno livro aberto, anunciado no Apocalipse, é este em suas mãos. O seu nome “Tomai e Comei...” me foi revelado dez anos antes de eu ler a passagem das Escrituras mencionada acima, quando em minha casa, com mulher e filhos, preparei uma ceia para pessoas que dormiam na rua e repeti as palavras de Jesus na última ceia: “Tomai e comei...”. Ele é de fato amargo, porque tem revelações amargas. Mas a principal revelação é esta: “Urge que ainda profetizes de novo a numerosas nações, povos, línguas e reis.” E esta é a minha missão, com a qual venho cumprir. O fundamento de um novo Reino foi lançado há dois mil anos. Precisamos agora dar um passo a frente e construir sobre este fundamento. Jesus deixou para os seus seguidores a missão de batizar todos e fazer com que todos se tornassem seus discípulos e assim coroá-lo rei em um novo sistema, que é o Reino de Deus. Estou falando aqui de um rei que possa ser coroado sem precisar recorrer às armas para garantir a sua segurança. A função dos seres humanos conscientes é construir este Reino. A ordem é: “Buscai primeiro o Reino de Deus e tudo o mais vos será acrescentado.” Isto implica necessariamente em uma renovação de valores.
Não sou um santo que prega a pobreza porque a pobreza já é um mal em si. Sou um anjo porque ponho em prática toda a palavra de Jesus Cristo. Sou aquele que vem restituir ao sal o seu sabor. Venho combater aquilo que realmente é mal: a propriedade, o dinheiro e o poder. São eles que trazem a guerra, a arma, o roubo, a violência, a prisão, a fome, a pobreza, o vazio, o desânimo, o abandono, a destruição das obras de Deus...
“Qualquer de vocês se não renuncia a tudo o que tem não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14,33) A posse é o grande problema com o qual a humanidade ainda tem de se confrontar. Os padres, as freiras e outros devotos espalhados sobre a terra entenderam isto muito bem, por isso não conservam posses em seus nomes. Eles agora precisam avançar e fazer os seus fiéis entenderem a importância do desapego para a construção de uma nova sociedade. Eles se libertaram, precisam libertar os seus seguidores.
Sou apenas a primeira célula de um corpo que será formado por bilhões. Sou uma nova nação, um novo reino, cuja força e energia não vem da posse, do dinheiro e do poder, mas sim da sua capacidade de destruí-los como tais e construir assim uma nova sociedade formada por um só corpo e um só espírito. Esta nova nação se diferencia do resto do mundo por combater o mal com o bem. Nela não há armas nem prisões nem tribunais nem castigo nem comércio nem propriedades nem hierarquia.
Aparentemente frágil, esta nação porém é indestrutível. Ela é uma casa sobre a rocha. Veio para conquistar a terra e estabelecer um reinado que jamais terá fim. Reis, exércitos, poderosos não podem impedi-la e ficarão pasmos porque nada poderão fazer contra esta nova nação porque a sua força vem do espírito da paz, da justiça, da abundância, do amor pela vida. A terra enfim será coberta da ciência do criador, os mansos e humildes irão reinar. “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.” (Mateus, 5,5) Venho convidar todas as ciências, os famintos, os sem teto, os ambientalistas, os desempregados, os presos, as prostitutas, os homossexuais, os padres, todas as religiões, todos os partidos, todos, pobres e ricos, os doentes e os com saúde, para habitarem comigo na minha casa. Ela ainda é pequena, do tamanho de um grão de mostarda, mas na medida em que os seus habitantes forem chegando, ela cresce e torna-se do tamanho do mundo.

Com este livro e com a prática das idéias nele contidas pretendo me unir a todos os que lutaram e lutam por um mundo mais justo, sejam eles cristãos, indus, budistas, muçulmanos, índios etc.
O profeta maia Chilam Balam diz entre outras coisas o seguinte em relação ao ano de 2012, visto pela civilização maia como o fim de um ciclo e o início de uma nova era : “Para metade haverá alimentos, para outros infortúnios. É a época em que terminará o mundo de Deus. A época de se unir por uma causa.” (History Chanel, profecias maias 2012, You Tube):


Seguem alguns comentários sobre essa profecia.

“Isso sugere que precisamos parar e pensar sobre o que fizemos no passado. E sobre o que estamos fazendo no presente. E como devemos proceder no futuro próximo. A única coisa que nos distingue dos maias, especialmente dos pré-hispânicos, é o tempo. Deveríamos estudá-los e aprender com suas profecias, para entender melhor nossa sociedade e nosso mundo e esses eventos que estão associados e que sabemos que ocorrerão.” (Rafael Cobos, professor de arqueologia da universidade de Yucatan History Chanel, profecias maias 2012, You Tube)
“Quando os maias criaram este calendário a milhares de anos disseram que os anos em torno de 2012 seriam de grandes transformações. E certamente é o que parece acontecer no presente. Mudanças como aumento de furacões, destruição do planeta e também mudanças sociais e políticas. A questão é como os homens lidam com essas mudanças devastadoras. A profecia maia diz respeito a transformação e renovação.” (John Major Jenkins, autor de ‘Maya Cosmogenesis 2012’ History Chanel, profecias maias 2012, You Tube)
“Certamente haverá mudanças. Situá-las em um único dia não é muito realista, mas quanto ao período em torno de 2012, com a diferença de uma ou duas décadas, os historiadores dirão que terá sido uma época de mudanças, quando a humanidade teve de se confrontar consigo mesma. Como vamos conviver, tratar do planeta, como vamos criar o futuro?” (Bruce Scofield, cientista em astrologia maia, History Chanel, profecias maias 2012, You Tube)
“É fácil duvidar da profecia maia quanto ao ano de 2012. Tendemos a ignorar todos os alertas até que uma catástrofe aconteça. Um bom exemplo foi o furacão que devastou Nova Orleans. O aquecimento global causará mais furacões e uma era glacial? Não sabemos. E quanto a uma guerra nuclear. Vivemos a crise do petróleo. A sociedade não está preparada para existir sem petróleo. Ainda não procuramos fontes alternativas de energia. Não encontramos soluções. Vemos as potências mundiais posicionando suas peças no tabuleiro do Oriente Médio. A humanidade pode ser extinta em 2012? A questão mais importante é o que fazer para impedir que aconteça.” (Steve Alten - History Chanel, profecias maias 2012, You Tube )
Gostaria de chamar a atenção para a frase “É a época em que terminará o mundo de Deus.” Para mim estamos chegando ao fim de um período marcado pela crença num Deus, que até então não conseguiu formar um só corpo e um só espírito com a sua criatura. Jesus Cristo é a única excessão. Ele é o primeiro que consegue estabelecer uma unidade plena entre criatura e criador.: “Não está escrito na vossa lei: ‘Eu disse: Vós sois deuses (Sal 81,6). Se a lei chama deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida... como acusais de blasfemo aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, porque eu disse: Sou o Filho de Deus? Se eu não faço as obras de meu Pai, não me creiais. Mas se as faço, e se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai.” (Jo, 10, 34-38) A prova da identificação completa com o Pai revela-se nas obras. Estas obras são todas gratuitas: a terra, os alimentos, a vida. Quem se identifica com o Pai age da mesma forma. Empenha suas forças na construção de um mundo onde reine a gratidão.
Na atualidade, apenas os trabalhos voluntários e o trabalho dos pais, que se doam gratuitamente aos filhos, foge da contaminação do dinheiro. O Reino de Deus há de ser construído por gente que age como pais, como voluntários, que querem deixar aos filhos um mundo livre de todos os males. E isto só é possível a partir de pessoas que constroem com gratidão. Elas trabalham no mundo do capital e com o dinheiro do seu trabalho compram casas, terras, carros, empresas etc que pertencem a todos, mesmo aos que não participam deste projeto. Agindo da mesma forma como o Deus, no qual acreditam, que tudo criou e deu aos seus filhos, mas que não deixa de amar os que comercializam os seus bens e que deixam morrer de fome os filhos mais fracos, que estão na base da pirâmide. Estes pais fazem justiça ao verdadeiro Deus, tornando-se a sua imagem e semelhança, à medida em que respeitam a lei máxima: “Vocês receberam de graça, agoram vão e façam o mesmo.” As pessoas, que se identificam com este Deus, percebem que tudo o que nos cerca, tudo o que somos e o que vemos e não vemos faz parte deste Deus. Deduzimos assim que quando uma vida humana morre por qualquer ato de violência, quando as florestas morrem, quando os rios morrem, então Deus está morrendo, nós estamos morrendo. Acreditar em Deus significa defender a vida: uma vida justa, farta, livre. Assim fica mais fácil entender Jesus Cristo quando diz “tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, preso e me visitastes ...”. Trata-se de ver o outro como uma extensão do próprio eu. E o caminho para esse Deus está na humildade. Preciso ser humilde, o suficiente, para admitir as coisas que não sei e partir daquilo que já sei. Em outros termos, estou na terra e os problemas a serem resolvidos estão aqui. “Que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua vida.” De que vale ficar procurando vida em outros planetas, se ainda não nos mostramos competentes para proteger a vida no único planeta onde sabemos que a vida existe?
Os que se identificam com o criador, seja ele apenas espírito, seja ele as próprias leis que regem o universo, seja ele o que for, sabem que ele levou bilhões de anos trabalhando gratuitamente neste projeto, sabem que há ali um trabalho incalculável e como suas criaturas reconhecem esse esforço e deixam agir dentro de si as leis da própria criação que se revelam acima de tudo pela sua capacidade de doação, união e recriação. Reconhecem que a glória máxima do criador está em fazer morada nesta criatura e contemplar com ela eternamente a beleza da criação bem como continuar criando. Por outro lado, os que não se identificam com este Deus agem de modo contrário: destroem aos poucos a criação e não fazem nada se não for por dinheiro. Dois mil anos depois de Cristo o seu ensinamento “não podeis servir a dois senhores: a Deus e ao Dinheiro” deve ser analisado de um modo mais profundo.

Outra profecia de Chilam Balam afirma que o período que começa em 1993 e termina em 2012 será marcado pela volta da divindade para a terra, quando então terá início uma nova era. Entendo que estamos numa fase onde a imagem de um Deus abstrato colocado nas alturas, separado dos homens e da terra chega ao fim e damos início a outra fase onde colocamos esse Deus dentro de nós, nos outros e em tudo o que nos cerca: a divindade, Jesus Cristo, volta para a terra. Isto necessariamente provocará uma revolução de valores. A base de tudo é a tomada de consciência de que precisamos partir de nós, trabalhar sobre aquilo que sabemos. Sabemos que a fome e a violência nos cercam. A natureza padece. Estamos ameaçados. Somos nós os culpados. Somos o Deus no qual não confiamos. Não podemos mais delegar a culpa ao presidente da nação ou a um Deus distante, que vai nos acolher após a morte num paraíso fictício. O paraíso do qual nos afastamos cada vez mais é este onde estamos. Somos ainda os mesmos, Adão e Eva, expulsos do paraíso. Eles estavam no paraíso porque viam o próprio Deus andando com eles. Quando desconfiaram de Deus (ele estaria negando a eles o verdadeiro conhecimento, pois não podiam comer do fruto da árvore do bem e do mal) nunca mais o viram. Começa então o nosso drama que nos afasta cada vez mais das águas puras, do cheiro do mato, da fartura dos rios, dos mares, das terras, da pureza do ar, perdemos a segurança e a paz. O ser humano vive errante, não consegue discernir mais com clareza entre o bem e o mal. “O que me importa o meu irmão?” pergunta Caim. Noé é o primeiro que tenta reatar o diálogo com Deus. Depois vem Abraão, depois Moisés, depois os profetas e por último Jesus Cristo e seus discípulos. Jesus foi o primeiro a se apresentar como filho de Deus, fazendo com que Deus caminhasse novamente entre os homens. Mas a sua experiência foi absolutamente trágica porque os homens não quiseram recebê-lo. Espera-se agora a sua volta. Ele vem como o próprio Deus, que traz com ele o Filho, o Espírito Santo e todos os profetas.
A história da Bíblia é grosso modo o afastamento do homem de Deus e sua tentativa de reencontrar-se com ele, que em última instância é o encontro consigo mesmo, ou seja, eu estou com Deus apenas e somente se a partir de mim e comigo nasce uma nação justa, onde a prática dos males é simplesmente intolerável. E esta nação é tão poderosa que fatalmente ocupará o mundo todo.
Encontrar Deus está intimamente ligado à idéia de justiça. Todos os homens escolhidos na Bíblia para conduzirem o povo tem como traço fundamental a justiça. Sodoma e Gomorra foram destruídas porque não se encontraram nelas dez justos. O ser humano em determinado momento acreditou que a sua inteligência o levaria à solução de todos os problemas. Depois voltou atrás. Devemos continuar acreditando na inteligência. Mas o que é a inteligência se não levar em conta a justiça? E como avançar na justiça sem pensar na produção das riquezas e na sua distribuição? E o que tem isto a ver com Deus?
Toda a injustiça tem sua fonte num erro crucial. Expulsos do paraíso Adão e Eva e seus descendentes passaram a ensinar preceitos e a estipular leis que ignoram o verdadeiro produtor das riquezas. Se não levarmos Deus em conta, não temos chance alguma de nos aproximarmos da justiça. Se os primeiros humanos tivessem ensinado aos seus filhos o que Jesus ensinou “vocês receberam de graça, vão e façam o mesmo”, “tudo o que é meu é teu” não teríamos conhecido a injustiça. Por isso as pessoas costumam distinguir entre a justiça terrena e justiça divina. Mas se a justiça divina não se fizer presente aqui na terra de que ela serve? Esta é na verdade a meta dos que buscam o reino de Deus: É fazer com que a sua justiça reine aqui na terra, o que será uma grande revolução. Esta revolução é a única que não pode ser feita com armas. Só precisa usar armas contra o semelhante quem defende ou busca alguma coisa que não lhe pertence.

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A grande batalha, o Apocalipse

O futebol é um jogo maravilhoso e vem cada vez mais encantando as platéias e conquistando o mundo. Poderia o futebol moderno, que teve início há pouco mais de um século, estar relacionado à volta da divindade para a terra?

Aparentemente não, mas se olharmos mais de perto podemos ver que o futebol tal qual se organiza é talvez um dos sinais, anunciando a volta do Messias. Em campo duas equipes rivais, onze jogadores (os onze discípulos, aquele que o traiu é o camisa doze, a torcida gritando: dinheiro, propriedade, poder), ao centro a bola (o planeta terra) e um estádio lotado (os habitantes da terra) para o grande espetáculo. O jogo é em casa (na terra) e o adversário (o que vem de fora) não é ninguém menos do que a equipe de Jesus, derrotado e expulso da terra há dois mil anos atrás, mas que prometeu voltar e estabelecer o Reino de Deus aqui.
Já nos vestiários, o técnico Jesus Cristo orienta os seus onze jogadores (discípulos) sobre as estratégias para um domínio perfeito sobre a bola (o mundo). Seu discurso no vestiário é mais ou menos o seguinte:

“Vocês são as forças do bem e precisam livrar a bola (terra) das forças do mal, a terra é o paraíso e precisamos protegê-la, estabelecendo um reino justo onde haja igualdade e vida em abundância. O adversário vocês já conhecem, ele é perigosíssimo. Há dois mil anos, no nosso primeiro confronto fomos derrotados não por falta de competência, mas porque foi um jogo sujo. Fomos traídos, injustiçados e eles acabaram levando o troféu.
O preço da injustiça custou caro para a bola terra e para os que amam esta bola. Muito sangue foi derramado, a violência e a pobreza se espalharam sobre ela e hoje já são mais de um bilhão de pessoas na linha da pobreza. Além disso a pureza do ar, as temperaturas agradáveis, o prazer de viver, o equilíbrio do eco- sistema estão sendo duramente afetados. Guerras, roubos, assaltos e uma infinidade de violências desfilam diariamente pelas telas.
Neste jogo de mata-mata não nos resta alternativa a não ser vencer. Vocês conhecem muito bem quais são as condições para jogar no meu time: nada de hierarquia, ninguém aqui é maior do que o outro, cada um tem sua posição e todas são importantes, quem quiser ser o maior, que sirva o outro; vocês não estão jogando por dinheiro, mas pela vida, vocês receberam de graça, deem de graça e principalmente, lembrem-se de que a bola é de todos.
Do outro lado está o nosso adversário: Eles são violentos e jogam por dinheiro, hierarquia e propriedades. Toda vez que aparece alguém que paga mais, eles vão embora, vivem mudando de time; o tempo todo eles estão disputando para angariar fama e mostrar que são melhores que os outros; e por fim, quando têm propriedades e dinheiro suficientes, já não se esforçam mais para jogar pelo time. Nós vamos explorar bem os seus pontos fracos e assim ganhar o jogo.
Mas lembrem-se, nós estamos na casa do adversário. Na arquibancada está aquele que nos traiu. São bilhões cantando e gritando o hino deles “dinheiro, propriedade, hierarquia...”. A pressão inicial, portanto, vai ser enorme...
Daquela vez não havia juiz e por isso não nos deixaram jogar. Isto agora nos favorece muito. Se for um jogo limpo, eles não nos poderão vencer. Vencendo, vocês sabem que restabelecem a justiça e a paz neste grande reino da bola e mandam este adversário violento, ardiloso e trapaceiro para a segunda divisão de onde jamais sairá.
O extraordinário neste jogo será ver a torcida adversária aos poucos se calando e ficando dividida e ao final do jogo haverá uma grande festa, porque enfim os cegos conseguem enxergar, os doentes são curados, os cativos libertos e os famintos saciados. ‘Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim.’ (Mateus,25,34-36)
Mas enquanto a torcida está contra nós e o jogo não começa vamos ter de suportar ainda por pouco tempo este hino horrível: “dinheiro, propriedade, hierarquia...”. Esta é a história do Papai Noel deles.
O incrível de tudo isto é que vocês meus fiéis seguidores são vistos por eles como a força do mal, vocês representam para eles o Anticristo, o que é de se entender já que somos rivais, mas, pasmem, eles usam por baixo do uniforme camisas com o meu nome e espalham faixas usando minhas palavras como “Jesus está chegando”. Num jogo histórico em 2008 o goleiro Clemer do Sport Club Internacional, clube aclamado naquela noite como campeão de tudo, na entrega do troféu exibia a seguinte faixa “arrependei-vos, Jesus está chegando”. Aliás o distintivo deste time carrega na bandeira e no seu uniforme as letras sobrepostas SIC, que podem ser lidas como Senhor Inri Cristo, em 2006 este mesmo time conquistara o título de campeão mundial, trajando uniforme totalmente branco, dando sinais do que está por vir. Assim está nas escrituras:

‘Vi ainda o céu aberto: eis que aparece um cavalo branco....Seu cavaleiro, fiel e verdadeiro, está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome é Verbo de Deus.... Ele traz escrito no manto e na coxa: Rei dos reis e Senhor dos Senhores...’ (Apoc. Cap. 19 v. 11-21)

O time de futebol mencionado acima não tem nada a ver com a justiça, ele se presta apenas para identificar o cavaleiro, que vem com as cores deste time.

Em outra passagem das escrituras também se ilustra a nossa situação para o jogo que vai começar:

‘Mas quando vier o filho do homem, acaso achará fé sobre a terra’? (Mateus, 18,8)

De fato depois daquele primeiro jogo apareceram muitos na terra falando em meu nome, dizendo que eram eu e seduziram toda esta gente. Mas imitam-me apenas nas palavras e colocam o mal onde ele não está e cantam hinos ao verdadeiro mal, que inunda a terra de sangue e vergonha. Vamos hoje dar um basta nisto, já está na hora, entrem lá e mostrem quais obras acompanham aqueles que jogam no meu time.”



Obs. (Ver vídeo - You Tube: History Chanel – Os Maias e a profecia do juízo final4)
O Popol Vuh, o equivalente maia da Bíblia, foi traduzido logo após a conquista espanhola no século XVI. Segundo esse texto, a fenda escura na via Láctea era a entrada para o reino do além, uma porta para o mal. É com o centro desta mesma fenda que o sol vai se alinhar em 21 de dezembro de 2012. Segundo o texto sagrado, os senhores das profundezas que habitam a fenda desafiaram o primeiro pai, uma mítica figura maia para um jogo de bola. Ele aceitou o desafio e entrou na fenda escura. Mas os malignos deuses traíram o primeiro pai e o decapitaram. Seus filhos, os heróis gêmeos, vingaram sua morte ao derrotar as forças das trevas em um jogo épico e assim ressuscitaram o primeiro pai.






























Propriedade, dinheiro, hierarquia

Mesmo que se trate de uma utopia, vamos ousar o seguinte questionamento: Se dinheiro, propriedade e hierarquia deixarem de existir, que impacto isto terá sobre a terra? Não estou me referindo aqui a uma pergunta qualquer. Estou citando três valores aos quais nos amarramos desde que nos conhecemos como seres pensantes e que nos levaram até onde estamos. Esta pergunta não é nova, ela foi feita a primeira vez há dois mil anos e quem a fez, Jesus Cristo, teve de pagar com sua vida na cruz. Trata-se de uma questão muito séria e perigosa, que pode ser ilustrada pelo famoso texto de Platão “A Caverna”. Aquele que queria tirar os que estavam presos na escuridão da caverna foi considerado um louco. Jesus Cristo deve ser considerado o salvador da humanidade, não porque fez milagres, mas porque ele foi o único que questionou estes valores e os condenou. Tivemos momentos na história onde intelectuais questionaram a propriedade particular, dando origem ao comunismo. Mas nunca em momento algum da história os três valores foram questionados simultaneamente, salvo por ocasião da vinda de Jesus Cristo.

Mas vejamos, grosso modo, o que aconteceria com o planeta terra se esses três valores deixassem de existir. De imediato podemos concluir que não haveria mais razão alguma para guerrear. A produção de armas tornar-se-ia inútil. Não haveria mais possibilidade de furtar nada de ninguém, os assaltos, roubos, seqüestros, o ladrão, enfim, deixaria de existir, as prisões não fariam mais sentido. A prostituição deixaria de existir, ninguém mais se venderia, todos os corruptos sumiriam da face da terra, toda e qualquer máfia e suas conseqüências, como o uso de drogas e das violências relacionadas a elas desapareceriam, a fome não teria chances. Os doentes seriam enfim curados, ninguém mais seria despedido do emprego, não haveria falta de trabalho e ninguém mais teria problemas financeiros. Os velhos seriam respeitados pela sua experiência e não mais tratados como mercadorias com data de validade vencida. A corrida das nações e das indústrias em busca de fatias sempre maiores no mercado não faria mais sentido e a nossa vida estaria protegida porque a natureza seria preservada. O aquecimento global seria atacado de frente.

E a violência relacionada ao sexo? O que ela tem a ver com propriedade? Tudo. Da mesma forma como os seres humanos julgam-se donos de propriedades materiais, levam esse conceito para dentro das relações humanas, julgando-se donos de pessoas, causando os diversos males relacionados ao sexo como ciúmes doentios, ameaças, estupros, crimes passionais, mortes e suicídios.

Se dinheiro, propriedade e hierarquia são tão responsáveis pelos males que se alastram por milhares de anos por sobre a terra e se Jesus veio para libertar os seres humanos de todos esses males, proclamando ser ele o “caminho, a verdade e a vida”, não deveria ele ter se posicionado de modo muito claro contra estes valores?


Não há dúvidas de que Jesus o fez, e não em apenas uma passagem, mas de modo enfático. A metade das palavras de Jesus que chegaram até nós estão relacionadas à propriedade, dinheiro e poder. A outra metade perde o seu valor, se não for inserida dentro deste contexto: “Assim, pois, qualquer um de vós, que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo. O sal é uma coisa boa, mas se ele perder o seu sabor, com que o recuperará?” (Lc 14, 33-34) . As citações a seguir foram todas tiradas do evangelho de Lucas:

6,29-30: “Se alguém lhe toma o manto, deixe que leve também a túnica. Dê a quem lhe pede e, se alguém tira o que é seu, não peça que devolva”.

6,35: “Emprestem sem esperar coisa alguma em troca”.

6,38: “Dêem e será dado a vocês”.

9,3: “Não levem nada pelo caminho: nem bastão, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas”.

9,25: “Que adianta um homem ganhar o mundo inteiro, se perde e destrói a si mesmo”.

9,48: “aquele que é o menor entre vocês, esse é o maior”.

9,58: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o filho do homem não tem onde repousar a cabeça”.

10,35: “Vou pagar o que ele tiver gasto a mais”. (Bom samaritano).

11,21: “Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os bens dele estão em segurança. Mas, quando chega um homem mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou”.

11,23: “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, espalha”.

11,39:”Vocês limpam o copo e o prato por fora, mas o interior de vocês está cheio de roubo e maldade... Dêem em esmola o que vocês possuem e tudo ficará puro para vocês”.

11,45: “Ai de vocês especialistas em leis, vocês impõem sobre os homens cargas insuportáveis, e vocês mesmos não tocam essas cargas nem com um só dedo”.

12,15: “A sua vida não depende de seus bens”.

12,21: “Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus”.

12,31: “Não fiquem procurando o que vão comer e o que vão beber, vestir... São os pagãos desse mundo que se preocupam com tudo isso. Busquem o reino dele e ele dará a vocês essas coisas em acréscimo”.

12,33: “Vendam os seus bens e dêem o dinheiro em esmola”.

12,57: “Por que vocês não julgam por si mesmos o que é justo”.

14,10: “Quando você for convidado, vá sentar-se no último lugar”.

14,13: “Quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos. Você receberá a recompensa na ressurreição dos justos”.

14,33: “Qualquer de vocês, se não renuncia a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo”.

15,31: “Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu”.

16,12: “Se vocês não são fiéis no uso do dinheiro injusto, quem lhes confiará o verdadeiro bem”?

16,13: “Não podeis servir a dois senhores: a Deus e ao Dinheiro”.

18,14: “Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”.

18,22: “Falta ainda uma coisa para você fazer: venda tudo o que você possui, distribua o dinheiro aos pobres, e terá um tesouro no céu. Depois venha e siga-me”.

18,29: “Quem tiver deixado casa, mulher, irmãos, pais, filhos, por causa do reino de Deus, não ficará sem receber muito mais durante esta vida e, no mundo futuro, vai receber a vida eterna”.

19,26: “A todo aquele que já possui, será dado mais ainda. Mas daquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem”.

20,24: “Mostrem-me a moeda. De quem é a figura e a inscrição que está nessa moeda?... Pois dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

22,25-26: “Os reis das nações têm poder sobre elas, e os que sobre elas exercem autoridade, são chamados benfeitores. Mas entre vocês não deverá ser assim. Pelo contrário, o que entre vós é o maior, torne-se como o último; e o que governa seja como o servo. Afinal, quem é o maior: aquele que está sentado à mesa, ou aquele que está servindo? Não é aquele que está sentado à mesa? Eu porém estou no meio de vocês como quem está servindo”.

23,33: “Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que estão fazendo”.


Do ponto de vista dos diversos reinados que predominaram sobre a terra, estes ensinamentos de Jesus são absurdos e sem fundamento mas inseridos dentro de um contexto de um novo Reino, de uma nova estrutura, onde dinheiro, propriedade e hierarquia são desmascarados como os grandes pilares de todos os males, estes ensinamentos revelam-se como o grande tesouro que a humanidade rejeitou e que ainda está por descobrir, de modo que precisamos analisá-los não a partir de um sistema ao qual Jesus veio se opor e no qual vivemos atualmente, mas a partir de um novo fundamento, de uma nova forma de existir e de se relacionar com as pessoas, portanto, a partir de uma renovação do mundo.

Não podemos falar de qualquer reino sem mencionar três colunas básicas sobre as quais está construído: a propriedade, o dinheiro e a hierarquia. Essas são de fato as três colunas sobre as quais se ergueram todos os reinos que existiram até hoje na terra. O que diferencia um reino do outro é a relação entre propriedade, dinheiro e hierarquia.
No capitalismo a propriedade é particular, ou seja, é daquele que paga o tanto de dinheiro que se pede.
No comunismo não existe propriedade particular: tudo pertence ao Estado. Mas como no capitalismo o dinheiro é usado para pagar serviços prestados e a sua capacidade de influência está diretamente relacionada à quantia de dinheiro de que dispõe.
Em qualquer desses reinados a hierarquia é proporcional ao capital financeiro, qual seja, quanto mais dinheiro você tiver, tanto maior será a sua autoridade.
Desta forma, podemos dizer que todos os reinos que se estabeleceram até hoje sobre a terra foram construídos sobre o mesmo fundamento: propriedade, dinheiro e hierarquia.
Existe, no entanto, outro fundamento que o ser humano insiste em rejeitar. Como nos demais reinos há também aqui três colunas sobre as quais se constrói este novo reino: A propriedade continua existindo, mas ela não é particular nem do estado, mas pertence ao criador, que é pai. E ele diz: “Filho, tudo o que é meu é teu”. A prestação de serviços é paga e muito bem paga, só não com dinheiro. Ela lhe dá a garantia de viver num paraíso. O filho substitui o dinheiro com amplas vantagens. A hierarquia continua, só que é inversa: Quem está sentado à mesa é menos importante do que aquele que serve. Os doentes precisam de médico. A esperteza no sentido de acumular bens materiais para garantir o futuro é antes tido como uma estupidez. O que vale é a lógica, a retidão, a sabedoria, o espírito santo (leia-se o espírito crítico, o que conhece as raízes do mal e as combate).
Buscar o reino de Deus significa construir sobre este novo fundamento. Significa destruir o fundamento antigo, não tomar parte nele. É vencer este mundo. É sair dele e fazer outros saírem para viver num reino justo. E nisto consiste a batalha a ser travada pelo exército anunciado no Apocalipse:

“Vi ainda o céu aberto: eis que aparece um cavalo branco. Seu cavaleiro chama-se Fiel e Verdadeiro, e é com justiça que ele julga e guerreia. Tem olhos flamejantes. Há em sua cabeça muitos diademas e traz escrito um nome que ninguém conhece, senão ele. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome é Verbo de Deus.
Seguiam-no em cavalos brancos os exércitos celestes, vestidos de linho, fino e de uma brancura imaculada. De sua boca sai uma espada afiada, para com ela ferir as nações pagãs, porque ele deve governá-las com cetro de ferro e pisar o lagar do vinho da ardente ira do Deus dominador. Ele traz escrito no manto e na coxa: Rei dos reis e Senhor dos senhores!” (Apoc 19,11-16)

Jesus veio para ser coroado rei. Mas ele não quer ser coroado rei deste sistema que aí está. Isto fica claro no que ficou conhecido como o “Domingo de Ramos”. Jesus entra na cidade montado num jumento e as pessoas o recebem com ramos. Os romanos coroavam seus imperadores a partir de um forte esquema de segurança, feito de soldados, espadas e cavalos. Isto não mudou até hoje. Qualquer presidente eleito serve-se das armas para garantir a sua segurança, mas não deixa de fazer o juramento sobre a Bíblia. Trata-se de um enorme contrasenso. No dia em que um presidente, que defende todos os valores de Jesus, for eleito, ele não vai se valer das armas para garantir a sua segurança.
Este sistema precisa então ser renovado para que o Reino pregado por Jesus possa existir aqui na terra. E ele confiou aos seus discípulos esta missão. Ele mostrou na teoria e na prática como isto deve acontecer. Ele ordenou: “Busquem o Reino de Deus.” Quem busca o reino de Deus sem projetar uma sociedade onde propriedade particular, dinheiro e hierarquia não se façam mais necessários, está buscando tudo menos o reino de Deus. Falar de Jesus sem falar em dinheiro, propriedade e hierarquia é deixar de lado o principal: o fundamento. Toda a sua doutrina só tem sabor se colocada sobre esse novo fundamento: Pai, Filho e Espírito Santo. Do contrário, o sal perde o seu sabor. Não serve para nada.

A doutrina é clara, lógica e por isso tem verdade. Veja como dinheiro, propriedade e hierarquia são encarados. O dinheiro não vale nada. Ele é aquilo que se vê. Um papel com uma figura. Uma moeda com uma figura. Quem fez? Foi o César? Então dá pra ele. Da mesma forma a propriedade, a terra, os astros, o universo. Foi você quem fez? Então, como você ousa colocar um muro, uma cerca, estabelecer divisas sobre as terras e dizer que lhe pertencem? A César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Pode haver algo mais claro e evidente do que isto? A cada um aquilo que faz. Se você faz algo para si e gostaria que o outro também tivesse, então faz também para ele ou ensine-o a fazer. Nisto consiste o amor. Você deseja para o outro tudo o que de bom você tem. Pai (dono) é aquele que faz. Ele fez o universo e disse: “Filho, tudo o que é meu é teu.” Isto é amor.
Quanto mais o pai ama o filho, tanto mais ele perdoa, ou seja, quanto mais o pai quer que o filho tenha tudo o que ele tem, tanto maior será sua paciência e compreensão com o filho. Nisto consiste a hierarquia inversa: Quanto mais se sabe, tanto mais se perdoa e faz. O filho abandona o pai, esbanja os seus bens, mas o pai perdoa. É pregado na cruz, mas o perdão continua de pé: “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”. É claro, só comete o erro, quem ainda não aprendeu. Por isso é preciso ensiná-lo e perdoá-lo quantas vezes necessário. Isto não é possível no sistema em que vivemos, pois este sistema acredita na punição, nas prisões. No Reino de Deus não há punição, mas o perdão. Quem está com Jesus deve ter convicção disto, as prisões são um grande mal e precisam aos poucos perder a sua função. “Se alguém lhe toma o manto, deixe que leve também a túnica. Dê a quem lhe pede e, se alguém tira o que é seu, não peça que devolva”. Dito em outras palavras: Precisamos fazer o ladrão entender que ele é dono não só do carro que está roubando, mas de todos os carros e bens que existem no mundo e fazer os proprietários entenderem que considerar-se dono de qualquer coisa é defender uma idéia responsável por todos os roubos, todas as guerras, todas as invasões de terras, todas as violências. E continuar a defender esta idéia implica necessariamente numa escalada de violência internacional de proporções incalculáveis, pois todos vão defender a sua terra, a sua água até a última gota de sangue.
A ordem é: não julgar, não condenar, mas perdoar. A prisão é para aquele que a faz. É para aquele que acredita nela. Como você faz para o outro aquilo que você não deseja para você. Nisto consiste a injustiça e a falta de amor ao próximo. Aquilo que você faz, deve ser bom para você e para os outros. Se não for, então é injusto.
Desta forma, todos os tribunais, toda pena, toda prisão, todo arsenal de justiça baseado na propriedade, no dinheiro e na hierarquia deste mundo são instituições a serem superadas, porque partem daquele que primeiro infringiu a lei sagrada, tomando para si o que é de todos. Deste ponto de vista, todos os homens são culpados já que não abdicam de suas posses. E são culpados a milhares de anos e não reconhecem esse erro. E a conversão exigida por Jesus é justamente a de reconhecer esse erro, o que implica em abandonar todas as posses e construir com ele uma nova estrutura.
No entanto, quando Jesus impõe como condição para ser seu discípulo a ausência de posses e abnegação de bens materiais, jamais quer dizer com isso que seus seguidores sejam pobres. A abnegação total é um momento transitório porque trata-se de uma guerra para a qual é preciso uma entrega total. O soldado que vai para a guerra não pode sonhar com conforto. Somente depois que vence o inimigo é que vem a recompensa daquilo que conquistou. Jesus Cristo não é um pregador da pobreza. Isto seria um absurdo. Qual é o pai rico que deseja ver o filho na pobreza? Nosso Pai é infinitamente rico e garante que tudo o que é dele é nosso também. O problema é que a terra caiu em mãos do inimigo e precisa ser reconquistada. Quando isto acontecer a terra será tão rica, os habitantes dela serão tão fartos de bens materiais e o que é mais impressionante a riqueza maior não são os bens materiais e sim os espirituais. Todos os seres herdarão do Pai não só o material, mas os seus dons espirituais. Como por exemplo a misericórdia. A misericórdia nada mais é do que ter pena do miserável, daquele que vive na pobreza. E o ser humano dentro deste sistema é um verdadeiro miserável. Os mais miseráveis não conseguem nem a comida, morrem de fome. A maioria da população luta a vida toda simplesmente para se manter viva, trabalha em troca do alimento. A classe média, que é uma minoria, já pode ser vista como privilegiada porque se pode dar ao luxo de uma casa, de um carro, de uma casa na praia. Mas como se sacrificam para alcançar isto. Os privilegiados deste sistema, que são considerados os inteligentes, os que fazem as leis, se consideram ricos porque podem comprar vários carros, várias propriedades, viajar para onde quiserem, comer e comprar o que quiserem. As suas regalias param por aí, porque assim que se colocam nas ruas, estão sempre ameaçados pelos ladrões, vêem com os próprios olhos a pobreza que sempre os acompanha, os miseráveis espalhados pelo mundo e o pior de tudo: o preço das suas conquistas polui a terra e ameaça a vida na terra.
A riqueza deste mundo não pode crescer porque ela está limitada pelo egoísmo de todos. Este sistema ensina as pessoas a serem egoístas o tempo todo e a construírem mundos isolados. É o mesmo que imaginar um corpo com bilhões de células, no qual cada célula tem por objetivo tornar-se independente da outra. Um ser humano consciente não pode se contentar com tão pouco. Ele sabe que a vida plena está em formar um só corpo, onde as células dependem umas das outras. Ele sabe que tudo o que há na terra e tudo o que a inteligência pode produzir é dele e de todos que vivem com ele. Desta forma todas as terras, todas as casas, todos os carros, todas as empresas, tudo é dele. De modo que assim qualquer ser humano é infinitamente mais rico do que o homem mais rico deste mundo. Porque além de ele ter o mundo em suas mãos, ele pode sair à meia noite, de madrugada, a hora que quiser no lugar que quiser e não vai encontrar nenhum miserável, nenhum ladrão para amedrontá-lo. Ao contrário, onde quer que esteja, se vier a cair, o primeiro que passar perto dele vai ajudá-lo. Esse é o melhor plano de saúde e seguro de vida, que alguém pode fazer. Ele terá o prazer de viver numa terra rica e livre.
Mas no sistema em que o ser humano se encontra amarrado há séculos, não há o que fazer. Só mesmo a misericórdia de Deus pode nos salvar. “Quero a misericórdia e não a condenação”. Se os humanos compreendessem isso, não condenariam. Quando condenamos nos tornamos culpados, porque acreditamos na pena, na prisão, na violência, nas armas. Quem faz é pai. O pai que deseja isso para o filho é um pai malvado. O que este filho vai aprender com o pai? O filho só é mau porque o pai o ensinou assim, ou seja, só há pessoas más, porque alguém as ensinou a fazer o mal. Se tivessem aprendido a fazer o bem, desde o berço, se não houvesse ninguém ensinando a fazer o mal, é evidente que não fariam o que é prejudicial para si e para a sociedade. Fazer o bem é fazer o que é certo. E o que é certo? 2 + 2 = 4. Uma criança pode achar que é três, mas nem por isso será castigada. Castigar é um erro mais grave ainda do que dizer que dois mais dois são três. Pois se eu sei o que é certo, a minha função é ensinar o certo. Se uma pessoa precisa de cem exemplos para perceber o correto, então ela deve tê-los. Qual seja, eu devo perdoá-la cem vezes pelo fato de não pensar de forma correta. Mil vezes. Duas mil vezes. E mais ainda, eu devo incentivá-la para que não desista. O aprendizado dela é tão importante quanto o meu, pois viver com alguém que faz coisas erradas, não é prejudicial só para ela, mas para todos os que convivem com ela. Daí a necessidade de amar o próximo como a si mesmo. É como se ele fosse você mesmo. Admitir que se está errando é o primeiro e principal passo. Jesus perdoou todos aqueles que perceberam o seu erro e que desta forma se aproximaram dele e o seguiram. Mas como perdoar aquele que não reconhece que está errado? Os que não renunciaram aos seus bens não puderam segui-lo e não foram perdoados. Esta continua sendo a pedra no sapato da humanidade. Continuamos não entendendo a gravidade do nosso erro. Não entendemos que persistir nesse erro tem como conseqüência extrema a destruição da vida na terra. “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua vida?” Estamos vendo os frutos dos nossos erros todos os dias, a violência crescente, a destruição das florestas, o aumento da poluição, o aumento da temperatura, a elevação do nível das águas do mar, a pobreza crescente no mundo. Os cientistas advertem: em cinqüenta anos, em cem anos...
O sistema deste mundo acredita na punição. Jesus veio em seu lugar implantar o perdão. Portanto, quem conhece o certo compreende, perdoa, ama, dá. Não julga. Não condena. Faz o certo. Faz o bem. Fazer o bem é não mentir. Quem diz que dois mais dois são três, mente. Quem diz que um pedaço de terra lhe pertence, precisa ser condizido a um reino voluntário onde não há propriedade particular. Quem diz que duzentas notas de cem valem uma casa, um pão, carro, terra, etc... precisa ter o direito de conhecer um reino onde a produção de riquezas infinitas não está relacionada a moeda alguma.
O raciocínio errado causa a doença. A doença destrói o corpo, a vida. A humanidade chora os seus erros, mas não reconhece que está errada. Apodrece com eles, mas não quer refazer as contas. Quando as refaz cai sempre no mesmo erro: dinheiro igual a propriedade; propriedade e dinheiro igual a poder.
A pergunta é: quantas vezes ainda o mundo precisará refazer as contas para perceber o raciocínio correto e quanto tempo lhe resta? Quanto tempo ainda suporta, sem tomar o remédio do recebestes de graça, de graça deveis dar; tudo o que é meu é teu; este é o meu corpo, tomai e comei; vou pagar o que ele tiver gasto; dêem o que vocês possuem e tudo ficará puro para vocês; vendam os seus bens e dêem o dinheiro em esmola; vocês não podem servir a dois senhores: a Deus e ao Dinheiro; Qualquer de vós se não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo; quem governa seja como aquele que serve.





Duas casas, dois senhores


Vou fazer neste capítulo uma pequena comparação, colocando de um lado o poder organizado sobre os valores da propriedade particular, do dinheiro e da hierarquia e de outro o reino pregado por Jesus Cristo, que condena estes valores.
Propriedade particular, dinheiro, hierarquia... Que mal há nisto?
Já ouvi comentários do tipo “o ser humano é mau por natureza”. Não acredito nisto. Ninguém nasce isto ou aquilo, mas torna-se ao longo dos anos devido à educação, aos ensinamentos, às diversas influências isto ou aquilo, onde o sistema construído sobre os três pilares que mencionei acima constitui a base dentro da qual vão organizar-se os pensamentos deste ser. Se ele nascer em condições desfavoráveis, terá uma chance maior de praticar coisas ruins. Quem nasce numa favela precisa aprender a defender-se desde cedo, onde muitas vezes é vítima do tráfego de drogas, torna-se ladrão, assassino etc. O que sai da prisão não é aceito no mercado de trabalho. Mas também os que nascem em condições favoráveis não estão a salvo de praticar o mal. O advogado, o juiz precisa condenar. O policial prende, mata. O que vai para a guerra atira. O diretor de empresa precisa mandar embora em épocas de crise. Nós precisamos trancar nossa casa, colocar grades, cães ferozes. O padre precisa colocar alarme na igreja, o Papa precisa servir-se das armas para proteger o seu patrimônio. Tudo isto tolhe a nossa liberdade, o que não é justo. Nascemos para sermos livres e precisamos conquistar esta liberdade.
Sabemos que o sistema em que vivemos é comandado pelo dinheiro. As nossas vidas estão organizadas de acordo com o que ganhamos financeiramente. Quase sempre estamos ocupados, planejando como ganhar e gastar o nosso dinheiro. Estamos amarrados às despesas mensais e temos de honrá-las. O dinheiro comanda as nossas vidas, estamos portanto servindo ao Dinheiro. Precisamos desrespeitar o ensinamento de Cristo: “Vocês não podem servir a dois senhores: a Deus e ao Dinheiro.” O sistema nos obriga a isto. Ele não pode existir se os que vivem nele não se submeterem à servidão do dinheiro, da propriedade e da hierarquia. O sistema em que vivemos se fundamenta sobre estes três pilares e todas as leis que formam a Constituição estão baseadas neles. O poder judiciário, legislativo e o executivo constituem o cérebro deste sistema.

Veja quem nós estamos elegendo e servindo!

Sistema de governo

Homens disputam o poder, precisam fazer acordos com poderosos, caso contrário não conseguem ser eleitos. Esses poderosos zelam por interesses organizados de acordo com a pirâmide: Primeiro são atendidos os mais poderosos, por último os mais necessitados.
- O dinheiro é quem manda. Ele é o pai deste sistema.
- O que serve a mesa, o que lava o prato, aquele que limpa, o que cultiva a terra, o que constrói casas, escolas, prédios etc., o empregado, os que fazem o trabalho essencial, enfim, são os de menor valor.


Poder Legislativo

Quantas mil leis tem mesmo a constituição? Por que essas leis beneficiam tanto os que as fazem e tão pouco os que carregam este sistema nas costas? Como estes parlamentares roubam tanto e quase nunca são punidos? Como os bancos faturam tanto dinheiro e quando ocorre uma crise gravíssima nós é que precisamos emprestar dinheiro para eles?
Na verdade as leis são criadas para regulamentar um sistema e fazer com que a justiça prevaleça. A idéia é a de que se todos observarem a lei, a injustiça e a violência desaparecem. Estaríamos assim num paraíso, ninguém transgride a lei, todos estão satisfeitos, há, portanto, um equilíbrio.
O que temos observado, no entanto, são transgressões cada vez mais freqüentes e mais violentas da lei. O desequilíbrio, a violência, a desigualdade social tornaram-se feridas incuráveis. Nós que observamos a lei não temos culpa de nada. As nossas leis nos inocentam de todas as maldades e crimes que foram cometidos e estão sendo cometidos, de modo que não somos culpados em nenhuma instância, nem pelo crime da fome nem pelo crime da violência nem pelo crime da exploração sexual e do trabalho nem pelo crime da construção de armas nem pelo crime da poluição do planeta e do aquecimento global, muito menos por crimes que serão cometidos ou que foram cometidos, sem falar da morte de Jesus Cristo. Esta é a genialidade de todas as nossas leis: “Eu não tenho culpa e não posso ser punido.” Como é maravilhoso reclinar a cabeça e poder dormir sem sentir culpa. Pilatos já havia mostrado como é cômodo poder lavar as mãos.
No entanto, nesta aparente genialidade com ares de inocência esconde-se uma armadilha implacável. A lei aplicada individualmente permite esta separação entre culpados e inocentes, mas visto de um modo profundo um crime jamais é cometido por apenas um indivíduo. Para se chegar ao ponto de uma criança não ter o que comer muitos indivíduos participaram deste crime. O pai e a mãe que não planejaram o filho, a escola que não os ensinou a planejar, a empresa que não pode aceitar mão de obra desqualificada, o governo que exige demais das empresas, as nações ricas que exploram as pobres etc.
O crime da fome não dá cadeia. Mas se essa criança amanhã usar uma arma, então o culpado enfim pode ser identificado e preso.









Poder executivo

Uma vez que o culpado foi identificado e devidamente punido, fez-se justiça. O castigo é aplicado como corretivo. Quem se sujeita às leis não sofre punições e está livre de culpa.
Mas se obedecermos as milhares de leis a que estamos sujeitos, que benefícios teremos? O que muda? Teremos uma educação melhor? Plano de saúde? Moradia? Transporte? Lazer? Emprego? Em relação à qualidade de vida pouco ou nada muda. Há milhares de anos os trabalhadores pagam impostos, esperando que um dia eles se transformem em benefícios reais. Mas o que mais ouvimos é que poderosos, responsáveis para fazer cumprir a lei, aceitam propinas, se metem em esquemas de corrupção. São nossos eleitos! Quanto a essa lei, se a cumprirmos, parece-me que temos apenas a garantia de não sermos presos.



Poder judiciário

Quem é punido por transgredir as leis? Os generais, quando enviam suas tropas em batalha, estão transgredindo as leis deste sistema? Certamente que não. Os que jogaram e jogam bombas? Eles só cumprem ordens. Não devia alguém ser punido por tanto sangue inocente? Quem está pagando nas prisões? São os poderosos que dão as ordens para alcançarem os seus objetivos ou são em sua maioria os miseráveis?
O hábito cultural adquirido e cultivado durante milênios é o de encontrar o culpado e puni-lo. Não só nos tribunais mas também em escolas, empresas, grupos de amigos os mais fracos acabam sendo punidos.


Sistema financeiro

Qualquer serviço prestado é pago. O ser humano realizado é aquele que consegue ter o maior número de pessoas prestando serviços para ele. Isto implica num sistema de colocar os outros para trabalharem para mim. O que cria uma sociedade individualista, egoísta, escravocrata, incapaz de olhar para o outro. Isto provoca não só uma concentração de riquezas nas mãos de uma minoria, deixando a maior parte das pessoas no planeta em situações precárias, mas também cria um paradoxo, onde pessoas que não realizam trabalho algum, possuam tanto dinheiro, que não saibam o que fazer com ele, enquanto muitos precisam viver em situações precárias, morrer ou de fome ou de doenças por falta do dinheiro. Chega-se assim ao absurdo de pessoas morrerem não por falta de médicos ou por falta de comida, mas porque elas não têm o dinheiro para pagar esta prestação de serviços. A falência deste sistema está em ter criado uma moeda que acumula em si todos os poderes, que a todo instante está decidindo quem deve ser eleito, quem precisa de médico, quem vai morrer de fome, quem vai para a cadeia, que profissão escolher, quem diz o que para quem...





Um governo organizado segundo as idéias de Cristo

Em oposição a estes valores, Jesus veio instaurar um novo Reino. Ele nos ensinou a rezar no “Pai Nosso” “venha a nós o vosso Reino”; ele disse o “Reino de Deus está no meio de vós”, “o Pai me confiou esse Reino e eu o confio a vocês”, “vão e façam com que todos observem os meus ensinamentos”, “buscai primeiro o Reino de Deus e tudo o mais vos será acrescentado”. Os que ouvem a sua voz são portanto responsáveis por este Reino ( “o Pai me confiou esse Reino e eu o confio a vocês”). Os que hoje assumem uma postura consciente, portanto, devem ultrapassar as barreiras deste sistema e organizar um novo mundo de modo voluntário e pacífico, sem derramar uma gota de sangue sequer. Vejamos como se organiza, grosso modo, esse Reino de Deus:



Sistema de governo

“Pai Nosso, que estais no céu”... “Filho, tudo o que é meu é teu”
- O mundo é formado por apenas uma nação
- Não há dinheiro, não há propriedades
- Quem governa escolhe a casa mais simples e está a serviço dos mais fracos; e os mais fortes, pelos quais foi eleito, reconhecem a importância desse trabalho e fazem a mesma coisa.
- Quem está servindo é mais importante do que aquele que está sentado à mesa
- As nações, tais como existem hoje, foram todas erguidas com o uso da “espada”. A nação a ser construída e que irá dominar a terra será erguida sem o uso da violência.

Poder Legislativo

“Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”
Apenas duas leis fundamentais:
- Ama a Deus com todas as tuas forças (veja conceito de Deus no primeiro
capítulo)
- Ama os outros como se eles fossem você mesmo.

Poder executivo

“Santificado seja o teu nome, venha a nós o vosso Reino”
Promover a justiça, fazendo boas obras: multiplicar o pão, curar os doentes, libertar os presos, construir e ensinar coisas úteis e práticas, que estejam em harmonia com o todo. As duas leis postas em prática garantem uma vida plena e uma riqueza infinita para todos.





Poder judiciário

“Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”
Não há condenação nem pena alguma. Abaixo a pena de morte, abaixo as prisões, abaixo as armas e abaixo qualquer tipo de acusação ou agressão. A pena cada um se aplica a si mesmo. Transgredindo as leis do amor, nos desligamos da corrente da vida, perdendo a paz, o que é o pior castigo. Mas quem está em volta também sofre com aquele que perdeu a paz. Nossa função é portanto a de ajudá-lo a recuperar a paz. Quando uma ovelha se perde, o pastor vai atrás dela até recuperá-la, e quando a encontra, alegra-se mais com a que estava perdida do que com todas as que estavam salvas, pois a paz foi restabelecida. Não se trata de encontrar culpados e de puni-los. Os culpados devem encontrar-se a si mesmos e assim parar de se agredir a si a aos outros.
As transgressões não são analisadas de modo individual. Se há transgressões então elas devem ser analisadas em seu todo, tendo como objetivo encontrar a raiz. Se o problema estiver no cérebro, ou seja, na organização das estruturas, então é lá que se há de buscar a solução. Jesus Cristo em sua doutrina aponta para a culpa coletiva: “Tive fome e não me destes de comer...”. A culpa da fome e de outros males não pode ser atribuída apenas à mãe e/ou ao pai. Ela está relacionada a uma estrutura, ela tem uma história, e tanto os que viveram no passado e os que vivem no presente têm sua parcela de culpa. Por outro lado ele exorta para que os seus seguidores formem um só corpo e um só espírito, mostrando que a solução não está em apenas um indivíduo, mas numa ação coletiva.

Sistema financeiro

“Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”
A moeda corrente é a gratidão. Quanto vale o seu pé, a sua mão, o seu cérebro? Quanto lhe foi cobrado por eles? Aprenda com o seu Deus, retribua na mesma moeda. Como ousas servir a um sistema que se opõe a ti mesmo?




Interessante é observar o poder legislativo, constituído de apenas duas leis fundamentais: “Ama a Deus com todas as forças e ao próximo como a ti mesmo.” Para cumprir estas leis é preciso sair do sistema da propriedade, dinheiro e hierarquia. Como o policial vai amar o próximo como a si mesmo, se ele precisa prender o ladrão, matá-lo, às vezes. Como o soldado, que vai para a guerra, vai cumprir com esses mandamentos? Como o empregado, que vai para o trabalho, pode cumprir com isso ao passar por carentes na rua? Quem pode fazer isto dentro deste sistema? Só tem condições de fazer isto, o que não se prende às correntes do dinheiro, da propriedade e do poder. Não se trata de agir de modo individual é preciso mobilizar uma nação, educar todo um povo e criar mecanismos capazes para essa transição.
Mas se esse sistema é tão injusto, por que não derrubá-lo à força, como já foi feito tantas vezes com maus administradores? Barrabás, na época de Jesus, se opunha ao Império Romano, assim como Pedro, por ocasião da prisão do Mestre, eles queriam vencer o inimigo pela espada. Mas Jesus deixa claro, quem usa a espada, padece pela espada. Desta forma o Reino dele não vem ostensivamente. Por isso quem tem consciência é acima de tudo pacífico e não se vale da violência para implantar a justiça e a paz na terra. Sabemos também que este Reino cresce como a semente de mostarda, que é a menor das sementes, mas depois torna-se a maior entre as hortaliças. Sabemos que começa quase invisível, com apenas uma pessoa, depois cresce e toma o mundo. É um tesouro escondido num campo. É como a massa fermentada. A massa é a população, que vai recebendo aos poucos o fermento. É como uma rede lançada ao mar que apanha grandes e pequenos, fica com os grandes e devolve os pequenos ao mar. É como o senhor da vinha que pediu aos empregados que a cultivassem e depois foi coroado rei. É como o dono da vinha que enviou os servos e eles foram mortos; então ele deu a vinha a outros. Ele é justo e misericordioso. Nele não há prisões nem famintos nem cegos de espírito nem doentes sem atendimento médico nem pobres. “Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá. A vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da áspide. Não se fará mal nem dano em todo o meu santo monte. Porque a terra estará cheia da ciência do senhor, assim como as águas recobrem o fundo do mar”. (Is. 11,6-9)














Os Fariseus de hoje

“A origem mais próxima do nome fariseu está no latim pharisaeus, que por sua vez deriva do grego antigo, assentado no hebraico פרושים prushim . Esta palavra vem da raiz parash que basicamente quer dizer "separar", "afastar". Assim, o nome prushim ou perushim é normalmente interpretado como "aqueles que se separaram" do resto da população comum para se consagrar ao estudo da Torá (Bíblia) e das suas tradições. Todavia, sua separação não envolvia um ascetismo, já que julgavam ser importante o ensino à população das escrituras e das tradições dos pais.” (Wikipédia)
Pela definição podemos notar que os fariseus formavam um grupo deveras preocupado com a palavra de Deus. Eles se consagravam para o estudo da Torá e assim orientar o povo de acordo com os ensinamentos bíblicos. No entanto, eles se tornaram o alvo central das críticas de Jesus, pois apenas se preocupavam com as formalidades, os ritos, as tradições, e não com a construção de um reino justo: “Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de diversas ervas e desprezais a justiça e o amor de Deus” (Lucas 11,42). “Ai de vocês especialistas em leis, vocês impõem sobre os homens cargas insuportáveis, e vocês mesmos não tocam essas cargas nem com um só dedo” (Lucas 11,46). “Ai de vós, doutores da lei, que tomastes a chave da ciência, e vós mesmos não entrastes e impedistes os que vinham para entrar.” (Lucas 11,52)
Se olharmos para as nossas leis, de algum modo somos responsáveis por elas, percebemos como essas críticas de Jesus são atuais e como estão voltadas para nós. Como é possível que tantas Constituições, milhares de leis de tantos anos e de tantos países, não conseguem criar um mundo justo? Somos os fariseus de outrora. Temos as chaves de um reino justo (os ensinamentos de Jesus), mas não entramos nele, nem criamos condições para que nossos filhos entrem, de modo que todas as manifestações e desejos de paz sempre se revelam frágeis demais diante da avalanche de violências que se desencadeiam.
A ineficácia de todos os projetos de paz anunciados, seja pelas igrejas, pelos governos ou pelas diversas ideologias, se revela no fato de não conseguirem se desprender do fundamento da propriedade, do dinheiro e da hierarquia.
Os padres e as freiras não colocam propriedades particulares em seus nomes, o que é coerente com a doutrina de Cristo. Mas só isto não basta. Se isto fosse o suficiente o Comunismo teria resolvido os problemas da humanidade. Se a Igreja Católica reunisse todas as suas propriedades num mesmo espaço e se nesse espaço colocasse todos os seus padres e as freiras, teríamos uma pequena nação com mais de um milhão de habitantes. Esta poderia ser considerada um pequeno modelo de reino de Deus se entre os seus habitantes não houvesse hierarquia e se nas relações entre eles não houvesse moeda alguma. Cada pessoa dentro desta pequena nação desempenharia um trabalho, mas nenhum trabalho deveria ser mais valioso que outro. Lavar os pratos é tão importante quanto ser o presidente. Cada pessoa pode circular livremente dentro desta nação, alimentar-se, morar, ter atendimento médico, divertir-se etc sem dinheiro algum. As crianças que aí nascem são educadas dentro destes valores.
Teríamos assim no mundo um modelo de nação que convenceria as demais nações pela sua eficiência política, econômica, ecológica etc a adotarem também este modelo. E assim a terra poderia transformar-se num reino justo. Mas os padres e freiras da igreja católica tomam a idéia da não posse só para si, não formam um só corpo e um só espírito, estabelecem entre eles uma hierarquia e sua vida está amarrada ao dinheiro como a de qualquer outro ser humano.
Os fariseus não queriam acreditar em Jesus. Ele disse: Se não querem acreditar em mim, acreditem ao menos nas minhas obras. E quais eram as obras dele? Curar doentes, dar vista aos cegos, dar de comer, libertar, mostrar um Reino novo. “O Reino de Deus está no meio de vós.” Todos os que são meus, são conhecidos pelas suas obras. Ele ordenou aos apóstolos: vocês é que têm de lhes dar de comer. Os padres e líderes religiosos não podem fazer isto, porque têm ordens de não interferirem na política. Mas como não fazer política, se estou pregando e trabalhando por um novo reino? Não é à toa que sempre mais religiosos estão descontentes da impossibilidade da Igreja de inteferir em favor dos pobres.
As igrejas percebem as injustiças deste mundo, mas precisam dar um passo descisivo para atacar de frente todas as injustiças: a disputa dos bens que pertencem ao Pai. Precisam tomar como modelo de inspiração a sociedade dos primeiros cristãos que tinham tudo em comum, tinham Deus como Pai e não o dinheiro.
O apóstolo João no Apocalipse previa que a comunidade dos primeiros cristãos não iria resistir durante muitos séculos às perseguições dos romanos. De fato no ano 325 d. C., no Concílio de Nicéia, houve uma fusão de valores do Império Romano com os valores cristãos. Numa análise crítica fica evidente que nesta ocasião os valores fundamentais da doutrina de Cristo (a negação à propriedade, ao dinheiro e à hierarquia) foram violados. Não bastassem todos os versículos já mencionados do evangelho de Lucas no capítulo 3 deste livro, vou mencionar aqui dois exemplos práticos tirados dos Atos dos Apóstolos que evidenciam os ensinamentos de Jesus na prática: “Viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um.” (Atos, 2,44-45). “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum... Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas, e traziam o preço do que tinham vendido e depositavam-no aos pés dos apóstolos. Repartia-se então a cada um deles conforme a sua necessidade.” (Atos 4, 32-35) Este é o modelo original e que confere com os ensinamentos de Cristo e que deveria ser assimilado pelos romanos, se quisessem se converter para o Cristianismo.
Mas o que aconteceu foi o contrário: os valores cristãos é que se adaptaram aos valores romanos, as mudanças previstas não ocorreram e o mundo continuou o que era. Por isso o Império Romano e todos os reinos que se organizaram e se organizam sobre os pilares da propriedade particular, do dinheiro e do poder são denunciados no Apocalipse como a fera a ser destruída pelo Cristianismo:

“Vi, então, levantar-se do mar uma Fera que tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os chifres, dez diademas; e nas suas cabeças, nomes blasfematórios. A Fera que eu vi era semelhante a uma pantera: os pés como de urso, e as fauces como de leão. Deu-lhe o Dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade. Uma das suas cabeças estava como que ferida de morte, mas essa ferida de morte fora curada. E todos, pasmados de admiração, seguiram a Fera e prostraram-se diante do Dragão, porque dera seu prestígio à Fera , e prostraram-se igualmente diante da Fera, dizendo: “Quem é semelhante à Fera e quem poderá lutar com ela?” Foi-lhe dado a faculdade de proferir arrogâncias e blasfêmias, e foi-lhe dado o poder de agir por quarenta e dois meses. Abriu pois a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os habitantes do céu. Foi-lhe dado, também, fazer guerra aos santos e vencê-los. Recebeu autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação e hão de adorá-la todos os habitantes da terra, cujos nomes não estão escritos desde a origem do mundo no livro da vida do Cordeiro imolado.
Quem tiver ouvidos, ouça! Quem procura prender será preso. Quem matar pela espada, pela espada deve ser morto. Esta é a ocasião para a constância e a confiança dos santos.” (Apoc. 13, 1-10)



Esta fera é representada pelos reinos organizados sobre a estrutura da propriedade, dinheiro e poder que se revezaram na terra desde o império romano, passando por Napoleão, Mussolini, Hitler, Lênin, estendendo-se a todos os continentes, tendo hoje os Estados Unidos como cabo chefe. Esta estrutura em forma de pirâmide é incapaz de promover a paz entre os homens e se opõe à estrutura proposta por Jesus, onde o mais forte carrega o maior peso. Ela é responsável pela degradação extrema do ser humano, promovendo uma corrida a ferro e fogo pela disputa da herança que o Pai deixou a todos os filhos. Nesta corrida de loucos, cada um tentando alcançar o posto mais alto na esfera do poder, ficaram naturalmente os mais fracos a ver navios, morrendo todos os dias de fome, de doenças etc. Lá do alto da pirâmide os poderosos ficam jogando luzes apontando todos os dias para os frutos da sua loucura. Basta voltar do trabalho, ligar a televisão e lá estão as tragédias, desfilando ao vivo diante dos nossos olhos, uma pior que a outra. O ser humano, no mundo todo, acompanha dia-a-dia essas desgraças, mas está tão escravo deste sistema, adora tanto o dinheiro, as propriedades, os símbolos do poder, como carros de luxo etc. que já nem se importa, engole este camelo com maior naturalidade. O lema é “ao vencedor as batatas”. Esta loucura é cuidadosamente justificada pela ciência: É a seleção natural. O resultado é a degradação espiritual do ser humano, que se tornou insensível perante às injustiças e por outro lado, a vida no planeta terra está seriamente ameaçada devido a essa corrida desenfreada.


Se você fosse Jesus Cristo, que há dois mil anos foi crucificado porque se opôs a um sistema injusto e que deixou como missão aos seus seguidores, para que tornassem todos os homens seus discípulos e para acabarem assim com esse sistema e estabelecer, por sua vez, um novo Reino, se você fosse ele e hoje voltasse a essa terra, onde os homens continuam presos aos mesmos valores, o que você diria aos que não praticam a justiça? A resposta está nas Escrituras:
“Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; era peregrino e não me acolhestes; enfermo e na prisão e não me visitastes.’ Também estes lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos?’ E ele responderá: ‘Todas as vezes que deixastes de fazer isso a um desses pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.’ ” (Mt. 25,41-46)

Não recrimino aqui as religiões nem os governantes. Tenho consciência de que em sua grande maioria são bem intencionados e travam realmente uma luta séria contra as mazelas deste mundo. Tenho consciência de que o problema não está nas pessoas mas na embarcação que nos leva. Não se trata de achar culpados e de puni-los. Querer atribuir a culpa a indivíduos é não entender a natureza dos males. Isto é persistir nos erros e agravá-los cada vez mais. Precisamos isto sim rever os nossos valores e discuti-los abertamente, amplamente e perceber que podemos ser muito melhores do que fomos até o momento, desde que mudemos de navio. A questão central deve consistir em nos responsabilizarmos coletivamente pelas guerras, pela produção de armas, pela fome, pela falta de atendimento médico etc. e resgatarmos os verdadeiros ensinamentos de Jesus Cristo como a única arma capaz de vencer definitivamente estes males. Os seguidores de Jesus Cristo devem erguer um reino paralelo e converter uma nação inteira para por em prática os ensinamentos pregados por Jesus Cristo, mostrar assim a eficiência deste reino e convencer as demais nações a se converterem também, pois este reino é a salvação da humanidade. Ele dá de comer a todos, cuida de todos os doentes, dá casa a todos, liberta todos os presos. Precisa ficar claro que os problemas da fome, da violência, da saúde, da poluição do planeta, da educação, da habitação só podem ser atacados de frente se mexermos nas estruturas, se assumirmos os valores de Jesus Cristo e assumirmos coletivamente a culpa pelos crimes. Num primeiro momento devemos ousar o seguinte questionamento: Quais seriam as vantagens de um país organizado sem a propriedade particular, sem o dinheiro e sem hierarquias? Se ficar evidente de que esta é uma forma muito mais eficaz de se governar, então o que precisaria ser feito para que uma sociedade possa ser organizada sem estes valores?







A grande missão

Dois homens, que eram comunistas, foram enviados ao estrangeiro para aí anunciarem o comunismo e expandi-lo. Chegando ao país estrangeiro, que era capitalista, os dois se empregaram em firmas multinacionais e recebiam muito bem. Mas os dois não foram acolhidos da mesma forma.
Um deles se relacionava muito bem com os colegas e seu chefe. Com o dinheiro que recebia, comprava ações, moedas estrangeiras, praticava agiotagem, comprou muitas propriedades, tornou-se um homem rico. Em suas festas falava aos amigos de outro sistema muito mais justo: o comunismo. Fazia belos discursos e era admirado pelos amigos. Quando morreu, teve um enterro pomposo e até foi comentado na televisão.
O outro não teve a mesma sorte. Teve sérios problemas de adaptação. Foi mandado embora da primeira firma, por causa das suas idéias revolucionárias. O mesmo aconteceu com o segundo e terceiro empregos. Sua mulher o pressionava dizendo que seria melhor voltarem para o seu país. Então o homem telefonou para seu chefe pedindo a passagem de volta. Mas este lhe disse : Você só poderá voltar, quando tiver cumprido com a sua missão. Somente quando todo mundo daquele país tiver se convertido ao comunismo.
A mulher desse homem preferiu abandoná-lo e juntar-se ao capitalismo, levando com ela os filhos. Então ele pensou. Já perdi mulher e filhos, o que mais tenho a perder?
Mudou-se então para outro estado e arrumou outro emprego. Com o dinheiro que ganhava, comprava alimentos e nos finais de semana reunia-se com mendigos, doentes, desiludidos com o sistema capitalista, e dava-lhes de comer. Enquanto eles comiam, ele lhes falava do comunismo.
Quando morreu, meia dúzia de adeptos providenciou o seu enterro. Esta meia dúzia no entanto entendeu muito bem a sua mensagem, de tal forma que seguiram o mesmo caminho e quando o último deles morreu, o número dos comunistas já somava mais de mil.
O primeiro homem era comunista de fachada. O segundo era verdadeiramente comunista. A transformação daquele país em um país comunista depende de homens como o segundo.
Capitalismo, comunismo e outros reinados que já se estabeleceram sobre a face da terra, todos eles se diferenciam um do outro pela forma de manipularem propriedade, dinheiro e hierarquia.
Um discípulo de Cristo não toma parte em nenhum destes sistemas. Ao contrário, ele busca o reino de Deus, que é o sistema que Cristo nos revelou. Ele é a pedra fundamental que os construtores deste mundo rejeitaram e é a partir dela que a nova casa deve ser construída.
Todo discípulo de Jesus sabe que não faz parte deste mundo que aí está, o que se organiza em forma de pirâmide. “O mundo odeia-me, porque eu testemunho contra ele que as suas obras são más.” (João, 7,7) Um discípulo de Cristo sabe que ele está aqui é para construir um novo reino e isto implica em opor-se com todas as forças a este reino que já predomina há milhares de anos e está com os dias contados porque a humanidade já não suporta tanta injustiça. Cristo disse: “Eu os tirei deste mundo, eu confio a vocês este reino que o pai me confiou a mim. O mundo vos odeia, mas primeiro odiou a mim. Ele deu a cada um cem moedas e está esperando ser coroado”.
Acontece que os habitantes desta terra não querem o reinado desse homem. Foram enviados, receberam as cem moedas, disseram que sim, mas foram apanhados pelos encantos e armadilhas deste sistema louco, de tal sorte que se comportam como aquele primeiro comunista. Se ele é comunista, como pode especular com ações, moedas estrangeiras, comprar propriedades, praticar agiotagem etc.? Isto só seria coerente, se ele usasse o dinheiro para promover o comunismo. Se dependesse dele o comunismo jamais chegaria àquela terra.
Da mesma forma, como pode Cristo ser coroado rei, se os seus seguidores comungam desse sistema? Se entre os próprios seguidores de Cristo há necessidade de propriedade, dinheiro e hierarquia? Se fosse para comungar desse sistema, então não teria havido Jesus Cristo. Ele teria sido coroado rei naquele domingo de ramos e tudo teria acabado em festa. Assim não teria chegado até nós um novo reino e ele não teria dito: “O meu reino não é deste mundo”. E os apóstolos não precisariam converter ninguém e muito menos morrer por causa do reino de Deus.
Mas é justamente porque o reinado de Cristo implica na destruição deste sistema, é que seus defensores são odiados, expulsos e mortos.
Por que razão este sistema, que tem a pedra fundamental de satanás, por que razão os que acreditam nesse sistema, odiariam Cristo e o matariam, assim como a todos os seus seguidores? Porque ele veio para destruir o dinheiro, a propriedade e o poder, onde o mais forte faz as leis e atribui para si o menor peso. Deixar Jesus viver é para os donos deste mundo a derrota. É abrir mão de todos os privilégios, na verdade, são injustiças a custa das quais muitos padecem. Aceitar uma justiça onde uma pequena parcela da população mundial detem a maior fatia das riquezas, enquanto a grande maioria pena para sobreviver é fazer-se de cego. Não é por acaso que Jesus diz que os pobres vão entrar primeiro no reino de Deus e que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus. É que o rico precisa reconhecer que ele usou a sua inteligência de modo egoísta, ajuntando bens materiais para si, enquanto muitos morrem de fome. O que está à margem do sistema é apenas uma vítima do próprio sistema. Cristo veio para destruir este fundamento torto, que matou e mata, que reduz o homem ao escravismo, posto que se encontra acorrentado ao dinheiro e à propriedade, o que o impede de encontrar a verdadeira riqueza, que se esconde dentro dele e de todos os seres, que é a infinita capacidade de se doar, de se mover contra a injustiça, de amar o próximo como a si mesmo e de reconhecer a infinita misericórdia e sabedoria de seu criador. Não é pecado ser rico. O pecado está em apoiar um sistema onde apenas alguns podem ser ricos.
Este sistema já provou por milênios de anos que ele não consegue promover vida plena. Não consegue dar abrigo, cuidar dos doentes, dos idosos, das crianças. Mata, prende, elimina e marginaliza os que não se mostram fortes o suficiente para cumprirem com as exigências sempre maiores.
A função do discípulo de Cristo é provar que no reino que ele propõe todos saem ganhando. O homem mais rico deste mundo torna-se mais rico ainda e todos os que vivem neste reino são tão ricos quanto ele. As religiões devem apresentar este reino com maior determinação ainda para que ele possa realmente vir até nós. Agora que elas já espalharam a doutrina cristã, que é a primeira fase de sua missão, precisam dar o segundo passo e instaurar aos poucos o novo reino, que é um reino de justiça e paz pelo qual todas elas lutam, sem no entanto violar as leis vigentes. Não precisam incentivar invasões de terras nem pregar a violação de qualquer lei. Precisam antes incentivar os fiéis a imitar os primeiros cristãos, “Viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um.” (Atos, 2,44-45), formando inicialmente pequenos núcleos de voluntários, que possam servir de luz para os demais fiéis da comunidade e a partir dos quais seria possível mostrar as imensas riquezas que uma sociedade assim organizada pode gerar. Desta forma teríamos o início de um novo reino, onde as diferenças, quaisquer que sejam elas, se diluem. À medida que este modo de convivência se mostrar mais eficaz do que o mundo ao qual estamos acostumados, outros voluntários se achegam e logo tem-se uma nova nação. Quando os diversos núcleos, nos diversos países se encontrarem, rompem-se as fronteiras e constitui-se o mundo finalmente numa só nação, onde as diferenças sociais, onde a idéia da posse e a presença do dinheiro são enfim vencidas. Só então o Reino de Deus estará estabelecido e o mundo a salvo das guerras, da destruição e livre de todos os males: “Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele.” (João, 3,17)
Mas como fazer isso sem dinheiro? Assim como Davi tomou a espada das mãos de Golias e lhe cortou a cabeça, também os cristãos hão de tomar a arma das mãos do inimigo e hão de lhe cortar a cabeça. A arma é o dinheiro. Todo ser humano consciente vai batalhar e ganhar o máximo de dinheiro, não apenas para beneficiar-se a si mesmo, mas em prol de uma coletividade, para aumentar o reino de Deus em espaço e em número de adeptos, sabendo que esta é a única forma de derrotar definitivamente o inimigo. Assim o que era um grão de mostarda, aos poucos, vai virar uma árvore. Em breve haverá um exército de anjos lançando-se contra toda a brutalidade e injustiça que a humanidade cometeu durante todos esses milênios.
Mas quem será o maior neste Reino? É o menor entre todos. É a criança. Ela precisa de todos os cuidados para que não venha a fazer mal quando crescer, como aconteceu com seus antepassados. Toda atenção está voltada para o mais fraco, que se torna rei porque ele é o centro das atenções, não porque ele é o mais competente, mas justamente porque ele precisa ser elevado, para assim fazer parte deste reino e poder revelar o que tem de melhor: a gratidão e o amor infinitos. “Os reis das nações têm poder sobre elas, e os que sobre elas exercem autoridade, são chamados benfeitores. Mas entre vocês não deverá ser assim. Pelo contrário, o que entre vós é o maior, torne-se como o último; e o que governa seja como o servo. Afinal, quem é o maior: aquele que está sentado à mesa, ou aquele que está servindo? Não é aquele que está sentado à mesa? Eu porém estou no meio de vocês como quem está servindo” (Lucas, 22,25-26). O que governa, portanto, seja como aquele que serve.
Quando estas comunidades surgirem e se multiplicarem, os seus adeptos terão condições de eleger seus representantes em cargos públicos. Estes representantes irão escandalizar a sociedade e chamar a atenção pelo seu modo singular de servir. Aos poucos estes representantes irão ocupar prefeituras e cidades inteiras passarão a seguir o exemplo do prefeito. Ele irá morar na casa mais humilde do lugar. Se existir uma favela em sua cidade, então é lá que irá morar e de lá não sairá enquanto não transformar aqueles barracos em moradias dignas de um prefeito. Os que o elegeram não toleram armas nem prisões nem seguranças. Haverá uma verdadeira revolução de valores em tal cidade, de modo que servirá de vitrine e exemplo para cidades vizinhas. Este movimento pela restauração dos valores humanos irá fortalecer-se mais e mais, até o ponto de conseguir eleger o representante máximo de uma nação. Quando então já estará em plena ascensão em outros países. As fronteiras de estados e nações irão dissolver-se. Uma nação organizada dentro desta nova estrutura terá uma prosperidade econômica inimaginável. Todas as cidades estarão organizadas de um modo inteligente. Todos os moradores vão morar tão perto dos seus locais de estudo e trabalho que o carro praticamente deixará de ser utilizado. As fábricas e toda a economia estará organizada de modo que o transporte de alimentos, transporte de passageiros etc percorrerá sempre distâncias mínimas. Isto vai gerar uma economia enorme de energia e de custos variados. Todos os gastos com segurança serão poupados. Haverá escolas, mão de obra, matéria prima fartas para resolver todos os problemas de infra-estrutura. Mas como uma nação irá se defender de invasores? Que venham os invasores! Só nos poderão derrotar se nos aniquilarem a todos. Mas hoje isto já não é mais possível. O mundo não tolera mais este tipo de agressão. O invasor será antes recebido como alguém que vai aprender uma lição: Não só a Floresta Amazônica, não só o Brasil, mas todo o mundo lhe pertence. Pise portanto em cada palmo deste chão tendo a convicção de que ele é seu e sempre será, desde que não se comporte como tirano e egoísta, querendo tudo para si e que para defendê-los se serve da espada. Aprenda a lição da partilha e você será rico.
Assim a terra será coberta por leis sábias e assim se cumprirá o que está escrito: “Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”. (Mateus 5, 6)







Qual é a fé de vocês?


Se tivéssemos fé do tamanho de uma semente de mostarda poderíamos dizer a esta montanha de injustiças, arranque-se daí e jogue-se no mar e ela obedeceria. Onde está esta fé?
De fato, as montanhas de injustiças não foram atiradas ao mar. Ao contrário, elas crescem e riem dos que dizem ter fé. É que a fé deste mundo é pequena. Fé de escravos, desamarrados dos pés e das mãos, continuamos presos pelo espírito, seguimos o mesmo que ontem nos amarrava fisicamente, na ilusão de que nos conduza à liberdade.
Ter fé é saber a cada instante que o ser humano é infinitamente amável, justo, confiável, pois o Pai o criou a sua imagem e semelhança. Mas o pai deste sistema injusto jamais acreditou e nunca acreditará nisto, porque ele mesmo não é confiável, misericordioso, justo, amável. Embora ele tenha este tesouro escondido dentro dele, vai ser o último a descobri-lo.
O homem que descobre um tesouro dentro dele, passa a projetar estas qualidades no outro e aposta a sua vida nisto. Ao contrário, quem não as carrega, projeta no outro aquilo que carrega. Desta forma, cada um projeta no outro aquilo que ele mesmo é. A boca fala daquilo que o coração está cheio.
O mundo até hoje não teve fé. Por isso construiu um sistema que ensina que o homem não é amável nem justo nem confiável. E desta forma procura eliminar qualquer projeto em contrário. O projeto em contrário é o de Cristo: o Reino de Deus. Só que até hoje os homens não se uniram para colocá-lo em prática.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: se as primeiras comunidades eram verdadeiramente cristãs e se esta era a condição para ser cristão, por que então nenhuma comunidade no mundo, mesmo tendo se passado dois mil anos, imita estes primeiros cristãos?
O que temos na história são alguns personagens isolados, considerados santos, que ousaram tomar o partido dos pobres e viveram em absoluta pobreza, que depois viraram ordens religiosas. Estas ordens religiosas não seriam uma imitação das primeiras comunidades cristãs? No que se refere a ter tudo em comum, sim. Mas como proposta de um novo Reino, que se opõe a este reino injusto, capaz de se expandir e destruir toda a maldade, precisa ainda avançar mais e planejar um ataque poderoso e definitivo.
A fé dos que tem espírito crítico, a sua aposta não está depositada em qualquer instrumento que induza dor física ou psicológica, pois quem se serve desses instrumentos padecerá por eles. O castigo eles mesmos se impõem, e não Deus como muitos interpretam erroneamente. A fé do justo, a sua aposta, é o amor, a misericórdia. Ele usa estas armas e aposta, não uma aposta qualquer, mas a sua vida, de que o outro tem estas mesmas armas e a única forma de ensinar o outro a usá-las é ele mesmo usá-las. Aqui se revela o raciocínio simples e lógico.
A diferença básica entre a fé de Jesus e a do mundo dos mortos pode ser resumida desta forma: Aquele que tem fé de morto justifica-se assim: “Estou aqui apenas de passagem, se as pessoas são más é um problema delas. Quando morrerem serão julgadas e condenadas. Eu, pelos meus bons atos, irei para o céu, onde terei a minha recompensa.”
O que tem fé de vivo justifica-se assim: “Não estou aqui de passagem, tenho vida eterna e a vida acontece no planeta terra. Mesmo que as minhas carnes e os meus ossos morram, as minhas idéias continuam vivas, se tiver algum cérebro para defendê-las. A minha vida, portanto, está nas idéias (no espírito) e para me manter vivo, dependo dos outros.”
O primeiro gesto dos que tem fé de vivos é o de olhar para si e analisar se os seus atos conduzem verdadeiramente a um paraíso (céu) e depois em manter esta fé viva. Como as minhas carnes e os meus ossos só têm condições de manter esta fé viva por no máximo um século, se eu quiser continuar vivo, devo dirigir-me ao outro, a minha vida depende portanto de todos os que vêm depois de mim. Por outro lado, o paraíso apenas será alcançado se todos se comportarem à altura. Daí vem a necessidade de pregar o evangelho e vivê-lo plenamente.
Todo comportamente de Jesus Cristo se deixa iluminar a partir desta idéia. “Se encontrarem algum erro em mim, onde ele está?” O gesto de quem está ciente de que seus atos são corretos, justos. O segundo passo é o de procurar adeptos (discípulos) e fazer com que todos ajam dentro da mesma lei e multipliquem o número de adeptos, de modo que venham a dominar o mundo.
Apesar de Jesus Cristo ter feito tudo que estava ao seu alcance para não morrer, ele tinha consciência de que isto não seria possível naquela época. O Império Romano não deixaria aquele espírito sobreviver. De fato não levaria muito mais de trezentos anos para que fosse sepultado o último cérebro que mantinha as palavras e as ações de Jesus Cristo vivas. O que chegou até nós são os cacos de um vaso quebrado, cada religião tentando reconstruí-lo de modo a devolver-lhe o seu verdadeiro sentido, que é o de formar um reino justo e eterno, marcado pela paz e abundância. Mas Jesus Cristo também tinha consciência de que as suas idéias, mesmo enterradas, iriam ressuscitar. Os discípulos, depois da crucificação de Jesus, demoraram alguns dias para entenderem o verdadeiro sentido dos seus ensinamentos a respeito da ressurreição. Quando entenderam plenamente, sabiam que as idéias de Jesus Cristo postam em prática eram o próprio Cristo vivo e passaram a agir e fazer as coisas que ele fazia, assustando de vez os romanos, que não cessaram de persegui-los até exterminá-los.
Ter fé, portanto, é saber que a vida é eterna e que a plenitude da vida está nas idéias, e não na carne e nos ossos, devemos concentrar-nos em idéias de vida plena e eterna e vivê-las como tais. A volta de Jesus Cristo, a ressurreição definitiva dele dentre os mortos e a construção do Reino por ele pregado está em que alguém tenha as idéias fundamentais dele e as ponha novamente em prática e conquiste o mundo para a execução definitiva dessas idéias. O preço dessas idéias não me parece nada barato. Somente quem apostar sua própria vida nelas será digno de reconquistá-las.
Um bom teste para saber se estou em sintonia com as idéias dele é bem simples: “Se todos fizerem o que faço, mesmo o mais rico dos ricos, ficará ainda mais rico e o mais pobre dos pobres será tão rico quanto aquele. O dinheiro, a posse, a hierarquia, assim como as armas deixarão de existir e os bens de todos estão em segurança. Os ladrões desaparecem, não há mais guerra nenhuma, ninguém mais é preso, não há penas nem condenações para os infratores. Todos os muros, todas as fronteiras caem, não existe mais desemprego. A natureza, a raça humana está salva. O planeta terra torna-se uma só nação, um verdadeiro paraíso onde a prática do mal é inviável.”
Quem tendo idéias boas o bastante, seria o primeiro a colocá-las em prática e ainda por cima apostar a sua vida de que, se todos as praticarem, o mundo estará livre dos males? Quem senão o salvador do mundo? Ter fé em Cristo é isto: É se identificar com as idéias dele, praticá-las e apostar que elas vão produzir o efeito esperado, que é o de transformar a terra no reino de Deus, onde o mal não habita. Se, no entanto, depois de passados dois mil anos com mais de dois bilhões, que se dizem seguidores e praticantes das idéias de Jesus, o planeta terra não obstante se encontra numa situação de ganância, de disputa dos bens, de guerras, de contaminação das águas, de aquecimento global, de fome e violência sem precedentes, não é isto um sinal claro de que algo novo precisa acontecer? Não é este um sinal claro de que a nossa fé é de mortos? Nos comportamos como alguém que está de passagem, como alguém que vai sair daqui e vai pro céu, como alguém que sai daqui e deixa os problemas para os outros resolverem!? Como é fraca a nossa inteligência! Porque não passamos a pensar de modo justo? Se acredito que meu Deus é justo, então é evidente que não vou sair de um mundo injusto sem primeiro eu mesmo praticar a justiça. É evidente que eu só vou entrar no Reino de Deus quando eu mostrar habilidades para combater as injustiças, pois o Reino de Deus não pode depender de soldados que se curvam diante das injustiças.
Se os pensamentos de Deus agindo numa só criatura, Jesus Cristo, foram capazes de sacudir as estruturas de um mundo corrupto, o Império Romano, imaginem então se estas idéias agirem em bilhões!




A volta do filho pródigo

O filho pródigo é o que mata o amor, a justiça e a confiança. Rebela-se contra o pai, ignora os seus ensinamentos e acredita estar evoluindo. Abandona o pai e enquanto houver comida, bebida e prazer, nem se lembra dos conselhos do pai. No entanto, quando tiver esbanjado tudo, juntamente com a fome virão outras desgraças. Então vai lembrar-se do pai, voltar e pedir perdão. Este filho pródigo é a humanidade, que não se comporta como o filho bom, que está sempre com o pai, no caso Jesus e os seguidores de seus ensinamentos. A humanidade não segue os ensinamentos do pai, que nos foram trazidos pelo irmão, que é um bom filho.
A pretensão do filho pródigo de ser independente, de definir por ele mesmo a verdade, não se revela prudente. Julgou estar dando um grande passo em direção à liberdade. Em pouco tempo descobriu, no entanto, que se tornara um escravo.
De fato, o mundo é cada vez mais escravo. Escravo do dinheiro, da matéria, da velocidade, do tempo. Amarrado aos compromissos. Trancado em sua casa. A pressa do homem moderno revela a sua falta de fé. Sabemos de nós mesmos que quando temos bastante tempo para fazer as coisas, não nos apressamos em fazê-las. Mas quando estamos atrasados para o trabalho ou para uma reunião, costumamos apressar o passo.
Podemos observar no dia-a-dia pessoas cada vez mais apressadas. Em casa, nas escolas, nas ruas, no mercado, no trabalho, nas bolsas de valores, no espaço e em todo lugar, o mundo está se apressando como nunca antes. O mundo todo corre, como se realmente já estivesse em cima da hora. Como se de fato já não houvesse mais tempo para nada. É uma ambulância em disparada, causando grande ruído. O alarme é tão alto, impossível não ouvi-lo. Diga-se de passagem que a grande evolução do homem pode ser resumida nisso: Ele soube fazer com que ele e as coisas se tornassem cada vez mais rápidas.
O sinal é claro: final dos tempos. Chegará o doente ainda vivo até o médico? Claro. Uma vez em sua sala, o doente respira aliviado. Pode agora curar a sua doença. De fato, o problema está na cabeça. Esta mania de complicar as coisas, de usar raciocínios tortuosos, de correr o tempo todo atrás de dinheiro e de bens materiais levaram-no a uma insatisfação muito grande, a um vazio imenso no espírito. Mas logo isto passa, então não será mais preciso apressar-se nem correr atrás do dinheiro. O ser humano terá a ciência de que a terra toda lhe pertence. Não mais precisará disputar os bens a ferro e fogo. Andará livremente pelo mundo. Ninguém mais vai assaltá-lo nem pedir identidade porque todo mundo sabe quem é quem.
E o trabalho? Ninguém mais vai trabalhar? Muitos trabalhos não existirão mais. Todo aparato de defesa nacional e segurança será desmontado. Ninguém mais vai produzir armas. Todas as profissões relacionadas ao sistema financeiro deixarão de existir. Vendedores, comerciantes, agiotas, banqueiros, caixas, corretores, advogados, juízes, detetives poderão exercer trabalhos mais significativos. As pessoas vão precisar trabalhar bem menos e não haverá desemprego. Ninguém será demitido. Ninguém mais será escravo do trabalho. Ninguém precisa ocupar-se a vida toda com a mesma profissão. Para termos uma idéia de como o homem é escravo do trabalho, basta imaginar que ele gasta praticamente todo o seu tempo em função dos três pilares que sustentam este sistema: a propriedade, o dinheiro e a hierarquia. Ele está trabalhando o tempo todo para alcançar estas três coisas, ele não questiona se o trabalho que ele realiza é um trabalho significativo para a saúde mental dele e da humanidade. Se estas três coisas deixam de existir, o que se fará então?
É muito simples, a prioridade está na saúde espiritual e física. Todas as profissões voltadas para o bem estar físico e mental permanecem. Alimentos serão produzidos em abundância, casas, escolas, hospitais, ruas, transporte, saneamentos serão construídos, tudo o que se conseguiu em termos de tecnologia será melhorado numa escala jamais imaginada. As escolas serão realmente centros divulgadores de saber, colocando em prática as teorias de ensino mais avançadas, onde o aluno é centro das atenções. Os alunos deixam de ser bombardeados com inúmeras informações, visando apenas o vestibular e um possível emprego. Vão aprender por prazer e não mais por obrigação. Todo o sistema de notas deixa de existir. Hoje muitas descobertas na área de tecnologia não aparecem porque empresas bilionárias poderiam perder toda a sua “riqueza”. O meio ambiente estará a salvo. Haverá uma troca muito grande de informações o que vai enriquecer todos os setores. Hoje isso não ocorre porque as empresas precisam defender-se dos concorrentes. O sistema se fundamenta na concorrência, o que impede uma troca total de informações. Aliás, a introdução do mal no paraíso de Adão e Eva repousa nessa idéia, de que alguém não quer compartilhar com eles as informações. Deus os teria orientado para não comerem os frutos de apenas uma das árvores. Mas segundo a serpente esta árvore era justamente a mais importante, a do conhecimento. A suspeita de que o Pai possa estar tramando contra nós, de que quer exercer o domínio sobre nós, ser superior a nós, nos levaram a criação de um mundo de desconfiança e concorrência, onde as informações valem dinheiro e só podem ser adquiridas por quem pagar por elas. E quanto mais sigilosa a informação, tanto maior o seu preço.
No Reino de Deus, ninguém mais vai esconder informações. Tudo será revelado, proclamado de cima dos telhados porque haverá prazer em revelar. Todos saberão cuidar, curar, alimentar, construir, porque haverá tempo em abundância. Os mestres dirão: “Deixem as crianças virem a mim, o reino pertence a elas.”
Haverá um só mestre, mas todos são mestres. Haverá um só reino, mas todos são reis. Um só rebanho e um só pastor. Todos poderão dizer: o pai está em mim e eu estou nele. Quem me vê, vê o pai.
Não haverá poluição nem no céu nem na terra. Quando se produzir ou fabricar algo, primeiro vai-se examinar bem quais as conseqüências. Não haverá pressa, pois haverá tempo em abundância.
Não quero desmerecer qualquer profissão. No sistema em que vivemos todas elas se justificam. Tudo está tão entrelaçado que não se pode conceber uma sem a outra. Desde os governantes até as prostitutas, todas as profissões são pequenas engrenagens que compõem o todo. O nosso trabalho é construir um mundo onde as profissões que induzem dor física e psicológica possam deixar de existir. Novamente estamos diante de uma situação que não se deixa resolver se não remodelarmos a base.
A volta do filho do homem

Mas quando o filho do homem voltará?
Está escrito: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas.” (Lucas, 21, 25-26)
“Assim como foi nos tempos de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do homem. Nos dias que precedem o dilúvio, comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E os homens de nada sabiam, até o momento em que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também na volta do Filho do homem.” (Mateus, 24, 37-39)
“Este Evangelho do Reino será pregado pelo mundo inteiro para servir de testemunho a todas as nações, e então chegará o fim.” (Mateus, 24, 14)
“Olhai para a figueira e para as demais árvores. Quando elas lançam os brotos, vós julgais que está perto o verão. Assim também, quando virdes que vão sucedendo estas coisas, sabereis que está perto o Reino de Deus.” (Lucas 21,29-31)

A vinda do Reino de Deus para a terra está relacionada então a estes sinais. Mas não são eles que irão instaurar o Reino de Deus. É a partir deles que a humanidade vai assumir uma postura consciente e atacar de frente os problemas que a afligiram durante milênios.
Suponha que alguém vive falando a você de outro mundo onde os males não existem; onde a casa de alguém é do tamanho do universo, com tudo o que há de melhor. Sem poluição, com um número infindável de amigos e qualquer um daria a vida por você. E este alguém garante a você que este mundo existe de fato. Você vai acreditar?
É claro que não. Você vai querer algo a mais do que simples palavras. Você vai exigir uma prova inconfundível. E qual é a prova mais clara? É ver com os próprios olhos. Ou você acreditaria em alguém que vive falando a você que voa, mas nunca voou para você ver? Você só vai acreditar nele depois de ver.
Pois bem. Suponha agora que esse homem que vive falando desse outro mundo, leve dez homens com ele para mostrar esse mundo. Eles vêem esse mundo e depois cada um deles leva mais dez para ver. Somando assim um total de cento e dez homens que viram esse outro mundo.
O que lhe parece, voltando ao mundo antigo, estes cento e dez homens vão agir de acordo com o mundo antigo ou de acordo com o novo? Certamente de acordo com o novo, porque sabem que é melhor.
Considere ainda que se esses cento e dez homens agem de acordo com o novo mundo que acabaram de ver, não é verdade, que ninguém mais precisa ser transportado para o outro mundo a fim de vê-lo, pois todos teriam um exemplo vivo ali mesmo onde moram?
Vendo com os próprios olhos, todos passariam a acreditar nesse mundo e iriam querer integrar-se a ele. Nem todos. Os donos do mundo antigo não teriam sossego enquanto não acabassem com esse novo mundo, usando para isso todos os recursos possíveis e o outro mundo seria derrotado já que nele não existem armas nem violência. E depois de terem matado todos os que vivem nesse mundo, não teriam que enganar os que ouviram falar dele? Não iriam dizer que aquele mundo era de fato melhor e que eles precisariam mudar imediatamente? Os que só ouviram falar desse novo mundo passariam a acreditar que estavam buscando esse novo mundo, orientando-se inclusive em textos escritos pelos que viveram naquele mundo.
Suponha agora, depois de ter passado muito tempo, alguém do outro mundo volte e recomece todo esse trabalho novamente, ou seja, leve dez para ver, cada um dos dez leve mais dez, transportando o outro mundo para este. Qual não será a surpresa daqueles que até agora só ouviram falar desse mundo? E qual não será a sua indignação ao saberem que foram enganados, pois o dono deste mundo, que matou os representantes do outro, interpretou de tal forma para que tudo continuasse como estava? Será que o pai do mundo antigo ainda terá como reagir contra o novo Reino?
A implantação deste novo Reino depende então que alguém do outro mundo volte. “Mas quando o filho do homem voltar, será que vai encontrar a fé sobre a terra?” (Mateus, 18,8). Olhando para ele, ouvindo o que ele diz, vendo o que ele faz, será que alguém vai arriscar-se a largar tudo e segui-lo na caminhada para ver o outro mundo? Quando ele disser: “Vá, vende tudo o que tens e dê em esmola, depois siga-me.” Provavelmente vão dizer: “Esse cara é radical, interpreta as Escrituras a seu modo. Impossível fazer o que ele pede”.
Será que este que vier não vai ser tachado de louco? Morreria no anonimato? E as pessoas esperariam eternamente por um messias que já havia passado? Então a porta do Reino estaria trancada em definitivo. Seríamos como as cinco virgens imprudentes que esqueceram de levar óleo suficiente, que não estavam lá para acolher o noivo quando ele chegou. Os que sobraram neste mundo formariam então o grupo dos cabritos. Estariam do lado de fora, batendo na porta. Abre, Senhor, somos nós. E ele diria: “Afastem-se de mim, vocês que praticam a injustiça, não os conheço.”
Estaríamos então fadados a sofrer eternamente as agruras desse mundo, que nós mesmos transformamos num inferno. Uma vez que o trigo foi colhido, então nada sobrará de Deus. Restará somente o joio, a maldade, a dor, o choro e o ranger de dentes. “O reino de Deus é como uma rede lançada ao mar, que apanha grandes e pequenos, mas que devolve os pequenos”. Os peixes grandes já foram todos separados. Os pequenos não crescem mais, pois há três mil anos continuam do mesmo tamanho. Continuam matando, roubando, fazendo guerras, disputando os bens que são de todos, uns tem demais outros morrem de fome, não aprenderam a cuidar uns dos outros, vivem em função do aqui e agora, destroem todas as belezas do mundo.
Quem estaria preparado para reconhecer o filho do homem? É fácil. Ele fala de um reino novo e mostra este reino para quem quer vê-lo. Mas quando ele disser “eu sou aquele que vocês esperam”, alguém vai acreditar nele? Claro que sim. Ele dirá a um morto: “Levanta-te e anda”. Ele vai fazer muitos verem. Ele vai multiplicar os pães. Fará muitos milagres enfim. Será fácil reconhecê-lo.
Então soaram os alarmes: O filho do homem voltou à terra. Todo o mundo mobilizou-se para encontrá-lo. Muitos apresentaram-se como sendo ele. Entre os que se apresentaram, todos tinham algum tipo de poder: Um curava os que tinham problemas na coluna, outro fazia pessoas cegas ver, outro fazia paralíticos andar. Só um deles no entanto reunia todos esses poderes. Então ele foi reconhecido o Cristo. Trataram logo de protegê-lo com um esquema de segurança jamais visto. Em todos os lugares que ia, traziam-lhe doentes e ele curava a todos. Multidões reuniam-se para ouvi-lo. E ele falava das flores, do amor, de tudo o que é belo.
As eleições aproximaram-se. Havia muitos candidatos, mas ele, Cristo, não se candidatou. No entanto, não havia ninguém que não tivesse votado nele. Foi aclamado rei daquele país e acabou aceitando o cargo.
Enquanto isso, em um país bem distante dali, algo muito estranho acontecia. Multidões de pessoas uniam-se de tal forma que não havia mais divisões entre eles. Compartilhavam tudo, construíam casas e acolhiam os que estavam jogados nas ruas, ensinavam profissões, trabalhavam duro nas firmas e o que ganhavam investiam neste projeto de amor; entre eles propriedade, dinheiro e hierarquia era coisa do passado. Cada dia, muitos juntavam-se a eles. Espalhavam-se e cresciam como um rio que corre para todos os lados.
Então os que tinham aclamado Cristo rei, no outro país, ficaram confusos e mandaram uma embaixada até lá, para verificar o que se passava. Como não encontrassem nenhum todo poderoso, que fazia chover milagres, ficaram mais tranqüilos e passaram a falar do Cristo deles àquela gente: “Vocês precisam ir até lá, ver com os próprios olhos as curas e os milagres que ele faz. Como ninguém lhes desse ouvidos, eles voltaram e contaram ao “Cristo rei” deles o que viram e ouviram. Ele ficou furioso e declarou: “Eu vim para acabar com os pagãos desse mundo, chegou a hora do filho do homem mostrar o seu poder. Tragam todos e matem na minha frente.”
Eis aí uma grande loucura. Mas em verdade o que espera a humanidade senão um todo poderoso, fazedor de milagres? Alguém acreditaria num homem comum, com as suas capacidades normais? Que não é capaz de fazer um defunto levantar? Que não cura cegos? Que não faz nem uma febre sumir? Que não expulsa demônios? Alguém acreditaria que esse homem pudesse ser o próprio Cristo? Não anda sobre as águas e nem se atreve a dizer os teus pecados estão perdoados? Morre e nem ressuscita?
A única coisa que ele tem de igual com o primeiro Cristo são os ensinamentos e a prática destes ensinamentos: Prega um Reino novo, onde todos juntos formam um só corpo, ele mesmo vive nesse Reino, ele busca pessoas para juntarem-se com ele nesse Reino, ele dá a vida por este Reino, assim como todos os que o seguem porque se trata de um reino justo.
Por que será que o mundo é tão ansioso por milagres? Por que se fia tanto naquilo que não compreende? De onde vem essa ânsia de ver o impossível acontecer? Isto é com certeza mais uma das armadilhas de satanás. É ele que busca o impossível. É ele que quer proporcionar espetáculos inacreditáveis para chamar a atenção e não deixar que as pessoas se ocupem com o razoável. Confunde as pessoas para que não vejam a verdade, que é humilde e transparente. Um pai que é todo sabedoria e bondade jamais irá deixar a cabeça do filho confusa. Deu a ele inteligência suficiente para não ficar confuso, se seguir os seus conselhos. Só assim amadurecerá e terá condições de compreender tudo. Enquanto isto não acontece, deverá ter paciência e acreditar nos conselhos do pai. Afinal, quem é mais importante na construção de um reino justo, o que faz cem defuntos levantar ou o que faz uma pessoa injusta praticar a justiça? O que ressuscita a carne ou o que ressuscita o espírito? O que cura as doenças que fazem mal ao corpo físico ou o que cura a cegueira, a surdez, a paralisia do espírito? É evidente que os males do mundo estão nas idéias erradas, nos espíritos injustos. Então porque damos tanta importância para esse deus que cura os males físicos? A resposta só pode ser uma: o nosso deus é um deus preocupado com as carnes e os ossos. Jesus Cristo não estava em momento algum preocupado em ressuscitar a carne, pois isto já acontece milhares de vezes ao dia com o nascimento de bebês. Ele dizia “deixem que os mortos enterrem seus mortos”. Ele estava sobretudo preocupado com o espírito, pois os males reais não estão nas doenças físicas. Quem causa os verdadeiros males no mundo não são as pessoas com alguma deficiência física ou distúrbio mental. Para ele, os verdadeiros deturpados mentais, os mortos são os que não praticam a justiça divina.
O caminho errado é estabelecer dogmas. A fé não deve depender deles. Cristo não fez nem falou nada para confundir os que buscam a verdade. O homem sempre deixou claro, que o Deus dele precisa fazer coisas inacreditáveis (milagres) para que ele, homem, acredite neste Deus. Isto não é o maior absurdo? O homem diz: “Olha, para eu acreditar em você, você precisa transformar essa pedra em pão; jogar-se do alto da montanha e não se machucar.” Imagine um filho pedindo esse tipo de provas absurdas ao pai a fim de que possa acreditar de que ele é realmente o pai desse filho. O milagre da vida não é o maior dos milagres? Por que ele não basta? A crença em alguém vem de uma coisa muito simples: Vem de uma relação lógica daquilo que se diz e do que se faz. Se uma pessoa diz que vai fazer uma coisa, mas depois faz outra, ela passa a ser desacreditada. A sociedade sabe muito bem quem tem crédito: É aquele que não mente. Ele é há muitos anos cliente de uma loja. Quando ele entra na loja, o vendedor acredita nele e vende a ele os objetos porque sabe que vai pagá-los. O cliente diz: “eu tenho esse dinheiro na conta”, o vendedor há muitos anos vai no banco e encontra o dinheiro lá. Daí surge o crédito, a crença, a fé naquele cliente.
No dia-a-dia as pessoas se baseiam nessas relações porque elas sabem que funcionam de fato. Se ela não observar estas coisas, ela vai se dar mal, ser vítima de pessoas que mentem. Mas na relação com Deus, o verdadeiro Pai, as pessoas não agem da mesma forma. Elas ficam cobrando absurdos dele, milagres e não observam as coisas simples que ele pede, como “não usem a espada”, “distribuam o pão”, “não tenham propriedades”, “não sirvam ao dinheiro”, “o maior sirva o menor” etc. São conselhos simples de pai pra filho. Mas o que observamos na vida real? Os que se dizem filhos de Deus, os que afirmam ter crença, fé, além de não cumprirem estes mandamentos, tão simples, tão corretos, tão justos e necessários para que haja vida plena, estes filhos vivem pedindo milagres. Pedir milagres é na verdade coisa dos filhos do diabo. Quem pediu milagres a Jesus foram os fariseus, os doutores da lei, o diabo, quando tentou Jesus no deserto, os que pediram para ele salvar-se a si mesmo e descer da cruz. Muitos fiéis se fiam nos seus santos, (quem não tem um santo?) não porque o santo cumpriu os mandamentos do Pai, mas porque ele faz milagres. Os que dizem ter fé acreditam que Deus vai salvar o mundo por um milagre. Em algum momento vai aparecer um todo-poderoso e vai resolver as coisas por eles. A desculpa clássica dos que se dizem cristãos “cada um tem de fazer a sua parte, eu estou fazendo a minha, estou seguindo os mandamentos de Cristo”, cai por terra quando olhamos para estes mandamentos simples e justos: “não tenham posses”, “não sirvam ao dinheiro”, “o maior sirva o menor”.
Se estes conselhos simples e justos fossem postos em prática o verdadeiro milagre aconteceria na terra: Haveria paz mesmo, os pães e os peixes se multiplicariam de fato, as doenças seriam curadas de verdade, os presos seriam libertados, os maus espíritos expulsos, os mortos ressuscitariam enfim.
Como se explica que o homem há milhares de anos não consegue conquistar esta paz, esta fartura, esta saúde, esta liberdade já que os mandamentos são tão simples? É porque ele só aplica a razão, a lógica, quando ele se relaciona dentro deste mundinho egoísta, que ele criou para si, à revelia das ordens do Pai; quando ele parte para um contexto mais amplo, onde ele precisa admitir a existência de um criador, que tudo doou, ele portanto é filho deste criador e deveria agir da mesma forma como o seu Pai, ele deixa de usar a razão e cria um mundo absolutamente mágico, onde tudo é possível, onde os milagres determinam a ordem das coisas.
Quem tem consciência e espírito crítico sabe que a transformação do mundo depende dele e não da realização de coisas insensatas como os milagres. O cristão de fato sabe que é odiado por esse mundo porque veio para destruí-lo. Ele se une a outros cristãos para construírem uma casa forte, inabalável.
Desta forma, é conveniente que analisemos bem as nossas crenças e lancemos as nossas redes no mais profundo possível, a ver se o peixe que buscamos, realmente está lá. Se não estiver, então precisamos jogar as redes do outro lado. Se depois de dois mil anos não se pescou nada neste rio, então não há peixe nele. Insistir em pescar nele é ficar parado no mesmo lugar. É preciso pescar em outras águas. Um novo rio. Naquele que o nosso irmão nos ensinou a pescar. Um rio que não está poluído com as sujeiras da propriedade, do dinheiro e do poder injustos.
“Nisto temos conhecido o amor: Jesus deu a sua vida por nós. Também nós devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos. Quem possuir bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como pode estar nele o amor de Deus? Não amemos por palavras, mas por atos e em verdade. Nisto é que conhecemos se somos da verdade.” (Jo. 1,16-18)
Se vemos todos os dias, basta ligar a televisão, irmãos sendo mortos, passando fome, morrendo de doenças etc., por outro lado, gente recebendo fortunas, se vemos diariamente estas injustiças, onde o menor carrega o maior peso, e o que é pior, comungamos todos os dias estes valores, fazemos parte deste sistema, desta casa, e mais ainda, sabemos o que Jesus ensinou... como vamos justificar-nos diante dele? Será o bastante dizer, “eu fui bonzinho, não pratiquei nenhum desses crimes”. O astro de futebol vai se justificar: “O Senhor me deu este talento, que culpa tenho eu se me pagam milhões, enquanto outro morre de fome?” Os empresários vão dizer: “Nós não temos culpa nenhuma, só fizemos o bem, sem nós como os pais de família teriam alimentado os filhos?” Os empregados por sua vez dirão: “Não tínhamos outra opção, se parássemos de trabalhar, quem pagaria as nossas contas”? Os agricultores dirão: “Nós somos bons, produzimos todos esses anos alimentos para o mundo todo”. Os promotores, juízes, militares dirão: “Apenas cumprimos ordens, executamos a lei.”
Os religiosos dirão: “Senhor, nós somos seus verdadeiros filhos, pregamos durante toda a vida a tua palavra e fizemos o que mandastes”.
Então ele certamente vai perguntar: “Há alguém dentre vocês, que quando nada tentou fazer algo contra tudo isso? Todos vocês viram como o dinheiro, a propriedade e o poder injusto arrasaram a terra por milhares de anos, há alguém dentre vocês que se lançou contra isso? Vocês se uniram para seguir tantos agitadores, bastava acenar com uma causa nacional e vocês se tornavam fortes, se uniam e morriam em campos de batalha por causa de vosso país. Por que uma só vez algum dentre vós não se levantou para formar um exército diferente, um exército para lutar como eu lutei por uma causa justa, um exército que não se fia na espada, um exército de anjos para tomar a terra e revesti-la de paz? Há alguém que se lembra de ter composto um exército assim? As minhas ordens foram claras: Se queres ser meu discípulo não sirva ao dinheiro, renuncie a posse, seja o menor. Não pedi para vocês se unirem, formarem um só corpo? Não dei o exemplo pra vocês, os primeiros cristãos não deram o exemplo, não viviam unidos e tinham tudo em comum? Não tinham como projeto devolver a vinha ao Pai? Como vocês dizem que não tinham condições? É que vocês consideram estas três coisas fundamentais e sem elas vocês não vivem. Vocês merecem este mundo.


As ovelhas que se tornaram lobos


Há muito tempo, em um lugar bem distante, havia um rebanho de ovelhas muito feliz. Até que um dia, no meio da noite, aparece o lobo. As ovelhas nem se assustaram porque não conheciam o lobo. Ao contrário ficaram admiradas com as histórias fascinantes do lobo, a ponto de segui-lo na noite escura para outro mundo.
Quando o dia amanheceu, tendo chegado ao mundo dos lobos, as ovelhas puderam ver então, quem os lobos eram de fato. Assustadas queriam voltar para casa, mas como? Não conheciam o caminho. Choraram amargamente e se arrependeram de ter abandonado o seu dono. Agora seriam escravas dos lobos.
Na casa das ovelhas, o dono havia acordado e ficou triste em saber através das poucas ovelhas que sobraram, que o lobo levara o seu rebanho. Cheio de pena e compaixão enviou algumas ovelhas em busca das perdidas. Chegando lá, não foram reconhecidas pelas irmãs. Foram chamadas de mentirosas e mortas pelas próprias irmãs.
Depois que tinham feito isto as ovelhas escravas reconheceram que aquelas de fato sabiam o caminho e eram enviadas do seu dono. Arrependeram-se de ter feito isto e algumas decidiram voltar para casa. Mas como? Tentaram então lembrar aquilo que as enviadas falaram. E de fato conseguiram fazer o mapa do caminho de volta. Juntou-se um grupo e todo dia este grupo ia aumentando. Iniciaram o caminho da volta para casa. Os lobos revoltados, no entanto, não permitiram e mataram aquelas ovelhas.
As ovelhas escravas ficaram indignadas com o fato e foram reclamar com o chefe dos lobos. Este também não gostou do que tinha acontecido e baixou um decreto: Todos os lobos deveriam tornar-se ovelhas e revestir-se com lã. Todos gostaram da idéia e aplaudiram. Lobos e ovelhas seriam irmãos. Os lobos compravam a lã e as ovelhas compravam os produtos dos lobos.
Passado certo tempo as ovelhas ficaram divididas quanto ao preço e à qualidade da lã. Algumas acharam que a sua lã era mais pura e formaram um segundo grupo. Não demorou a aparecer um terceiro grupo. Este impôs algumas condições para os lobos que quisessem adquirir a sua lã, como por exemplo, não poder participar de festanças. Por causa destas e outras divergências surgiram muitos grupos de ovelhas. A divisão tornou-se comum. Lobos e ovelhas trabalhavam para o mesmo senhor. Tinham o mesmo espírito.
Quanto ao dono das ovelhas, ele próprio resolveu ir em busca do rebanho perdido. De madrugada, quando todos dormiam um sono profundo, ele chegou. Ao perceberem a força da luz, porque ele era a própria luz, todos acordaram assustados. Olhando-se uns nos outros, a luz os tornara transparentes, ficaram apavorados, pois viam que por dentro todos eram lobos. Eram ovelhas apenas por fora. Então todos entenderam as escrituras: “limpamos o copo e o prato for fora, mas o interior está cheio de roubo e maldade.”

Como não suportassem verem-se expostos ao calor da luz, foram todos consumidos. E de dentro daquela luz surgiram, como uma nova aurora, as ovelhas que perderam as suas vidas ensinando o caminho da volta.
Prenúncio de uma nova família

O Apocalipse se realiza entre a luta de duas forças, constituídas por duas famílias: uma é composta pelos bilhões de seres humanos que hoje servem este sistema da propriedade, do dinheiro e da hierarquia. De outro lado está Jesus, que fundou um novo modelo de família: “Meus irmãos e minha mãe são aqueles que fazem a vontade de Deus,” ela tem como referência principal, portanto, não os laços sangüíneos, mas sim a identidade de idéias.
Esta família, a de Jesus, é peculiar já na sua origem: Maria a noiva de José está grávida e o filho não é dele. Pela lei daquela época, Maria devia ser apedrejada. No instante em que José assume o filho, ele reconhece que Maria não cometeu mal algum e constitui as bases da família cristã, qual seja, ela não se forma por uma unidade genética, mas sim de espírito. Essa família nasce, portanto, com um compromisso de fazer justiça primeiro às mulheres que sempre sofreram com a discriminação sexual, sendo tratadas como objetos, vendendo-se nos prostíbulos ou tornando-se posses de seus maridos. As mulheres sempre sofreram com o preconceito: O homem quando se dá a liberdade sexual é coroado com diversos adjetivos positivos, já a mulher é rotulada com diversos adjetivos negativos. Também faz-se justiça às crianças: a atitude de José é a de um homem que não está preocupado com o rótulo preconceituoso da sociedade para com esse tipo de homem, mas a sua preocupação maior é a de fazer justiça a essa criança e a todas as crianças, assim como a todas as mulheres . Elas têm o direito de nascer numa sociedade justa e sem preconceitos. A entrada de Jesus na sociedade cria portanto um novo modelo de família, onde homens e mulheres são livres e não posses uns dos outros e as crianças que nascem das relações de amor são todas filhos e filhas de Deus, são todas concebidas pelo espírito santo, aliás não há vida senão for a vontade divina. Toda criança portanto é divina. As que nascem e logo morrem por falta de cuidados médicos ou por falta de comida, as que são comercializadas, as que precisam roubar, as que nascem entre os ricos etc.
Jesus não fala diretamente sobre relações sexuais. Pelo menos nas palavras que chegaram até nós. Mas sempre que surgem questões relacionadas ao sexo, o pouco que diz, condena nas entrelinhas o preconceito e a idéia da posse. A mulher adúltera seria apedrejada não fosse sua intervenção. Sua defesa “atire a primeira pedra quem não tem pecado” é de quem reage com naturalidade ao desejo sexual, isto é comum a todos. “Se o teu olho é causa de condenação então arranque-o”. Se o teu olho vê o mal onde ele não existe então arranque este olho e coloque outro que vê com justiça e pureza. O problema está no preconceito. Ele diz à mulher “vai e não peque mais”. O pecado do adultério não está no relacionamento sexual, mas no fato de se ser falso, de prometer algo e falsificar essa promessa. A solução portanto não é a de abster-se, de privar-se, mas do contrário, assumir esse desejo e compartilhá-lo, santificá-lo. Isto fica mais evidente quando questionado sobre a mulher que ficou viúva e casou-se com os sete irmãos, na medida em que cada marido falecia. A quem pertence essa mulher no mundo futuro? “Os que serão julgados dignos do século futuro e da ressurreição dos mortos não terão mulher nem marido.” (Lucas, 20,35) Quem interpreta Jesus de modo fantasioso, baseado em milagres, imagina então um outro planeta, o céu, onde homens e mulheres, espíritos, vivem harmoniosamente, mas não praticam sexo. Quem se fia na maior preciosidade que Deus nos deu, as idéias, o espírito, entende que é perfeitamente possível e necessário um mundo, onde homens e mulheres não se casem mais no modo tradicional, pois isto lhes tolhe a liberdade sexual, o que é uma afronta contra a natureza humana. No reino pregado por Jesus Cristo, o prazer sexual é uma dádiva divina e cada qual tem o direito de buscá-lo como melhor lhe aprouver, desde que respeite a vontade e a liberdade de cada um. A maldade não está, todos nós sabemos, nas relações sexuais, quando não agridem a liberdade de quem está envolvido, mas nas mentiras que se escondem atrás de um pacto de exclusividade.
Está escrito “aquele que olhar para uma mulher e desejar possuí-la, já cometeu adultério em seu coração”. Aqui, mais uma vez, tendemos a fazer uma interpretação que nos priva da sexualidade. Mas o que está em foco não é o desejo sexual, mas o desejo da posse. Seria muito cruel da parte de Deus dar-nos o desejo e depois impedir-nos de satisfazê-lo. Seria o mesmo que dar-nos a visão e impedir-nos de ver o que há de belo; ou de dar-nos a fome e impedir-nos de comer de todos os alimentos saudáveis e apetitosos. No fundo, tendemos a colocar imperfeição naquilo que é perfeito, o que é uma agressão contra o próprio criador.
A comemoração do Natal, mais do que nunca, revela um egoísmo de famílias marcadas pela posse: meu marido, minha mulher, meus filhos. Milhões de famílias no mundo inteiro voltadas para o seu círculo fechado comemoram o nascimento da paz. Esta paz no entanto se estende apenas até a fronteira traçada pelo seu egoísmo, a sua família. Tudo o que vai além desta fronteira já não lhes diz respeito. O senso de coletividade é nulo. Se houvesse espírito crítico então esta data deveria ser marcada por uma reflexão com o seguinte teor: “Como é possível que numa terra tão rica, tantas milhões de famílias agora não tenham esta paz que estamos celebrando?” A comemoração do Natal deve sobretudo celebrar a família de Nazaré, a nova família instituída por Jesus, que vai conquistar o mundo e fazer com que cada criança nasça de fato como rei/rainha: Dona do mundo e cercada de todas as condições para reinar com todos os seus semelhantes num mundo de “igualdade, liberdade e fraternidade”. Só assim podemos compreender a promessa de Jesus para aqueles que o seguem: “Ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições – e no século vindouro a vida eterna.” (Marcos, 10,29-30)
Esta família é bem diferente das que hoje celebram o Natal, fechadas não apenas em seus círculos, mas nas suas estratégias de esconder a sua verdadeira identidade da pessoa que está mais próxima, com a qual está casada. Sabemos por estatística que mais da metade entre homens e mulheres têm relações extraconjugais, das quais seus parceiros nada sabem. Como já foi dito, o pecado não está nas relações, mas em não reconhecê-las como legítimas, “porque não há nada de escondido que não venha à luz, nada de secreto que não se venha a saber.” (Mateus 10, 26) A estratégia do ser humano de esconder os seus verdadeiros desejos e sentimentos, principalmente no que se refere às relações sexuais, tem-se frustrado cada dia mais e está a ponto de ser definitivamente desmascarada. Esta infidelidade, esta falsidade, esta traição com os verdadeiros sentimentos está mais do que nunca gerando uma onda de violência contra mulheres, homens e principalmente crianças. Os seres humanos precisam aprender definitivamente que mentir, esconder informações, é sempre o pior caminho. A idéia da mentira é a de evitar um mal maior, mas ela é imediatista e egoísta.
Crucificar os homossexuais, crucificar as relações sexuais e, principalmente, usar o nome de Jesus Cristo para condená-los, é negar-se a si mesmo. É querer continuar no caminho errado, escondendo e manipulando a realidade dos fatos. É não se concentrar naquilo que realmente é mal: um planeta cada vez mais poluído, uma sociedade cada vez mais pobre e violenta, uma família egoísta, cada vez mais preocupada em defender as suas posses, nem ela mesma consegue formar uma coletividade.




Quem é Jesus Cristo?

Jesus nasceu junto a um estábulo. Desde os doze anos já sabia a que veio. Quando preparado assumiu a sua missão: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor.” (Lucas 4, 18-20). Entenda-se por boa nova, um novo Reino marcado pela paz, justiça, igualdade, liberdade e fartura para todos e não uma boa nova passiva, que deixa as coisas como estão, onde os pobres continuam pobres; é uma boa nova onde os que se arrependerem da sua conduta serão sarados, recompensados; é uma boa nova que vem libertar os cativos, cativos não são apenas os presos nas prisões, mas presos principalmente em um mundo que não ultrapassa as fronteiras do eu, da minha família, voltado só para o presente, preso pelas suas propriedades, pelo seu dinheiro e pela posição social que defende; esta boa nova anuncia a salvação para estes presos, vem anunciar a importância do espírito, que vive eternamente e que por isso precisa ser aperfeiçoado; esta boa nova é também para os cegos, entenda-se como cego não o que não vê a matéria, ao contrário é aquele que não consegue ver nada além da matéria e esta boa nova veio para libertar estes que só vêem a matéria. Mas em nenhum momento foi dito que o espírito não precisa da matéria ou o contrário. Deixou-se claro apenas que o espírito é mais importante que a matéria. Ele é que gera a matéria, os astros, a luz, a vida, o alimento, o carro, a empresa, o sistema, a injustiça, a pobreza e tudo o que existe. Daí a necessidade de se concentrar nele e usá-lo de modo justo e as demais coisas virão por acréscimo. A idéia de justiça do Império Romano baseada na propriedade particular, no dinheiro e na hierarquia, onde quem tinha menos destas três coisas suportava o maior peso, constitui a base do direito moderno.
Foi contra esta idéia de justiça que se lançou Jesus. Mas quando começou a ensinar e a colocar em prática um Reino justo, as autoridades se sentiram ameaçadas, colocaram-no na cruz e mandaram-no a ele e a seus seguidores para fora da terra, de modo que a terra continuou a praticar as mesmas iniquidades de sempre.
Jesus no entanto prometeu que iria voltar e estabelecer o Reino de Deus sobre a terra: “O sétimo anjo tocou a trombeta. Ressoaram então no céu altas vozes que diziam: ‘O império de nosso Senhor e de seu Cristo estabeleceu-se sobre o mundo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.’” (Apoc. 11,15) O Apocalipse é o anúncio do fim do mundo injusto. Leia-se o mundo da propriedade particular, do dinheiro e da hierarquia; o fim de todos os males que acompanham estes valores; o fim do ser humano violento e pagão, que age por conta própria e que não está em sintonia com as leis que regem o universo. O fim das disputas religiosas e de todos os conflitos. Estamos falando aqui da ressurreição dos justos. Quem quiser ser um deles precisa superar os seus preconceitos, esquecer as diferenças religiosas e doar-se totalmente para um mundo sem violências.



“Então se alguém vos disser: Eis, aqui está o Cristo! Ou: Ei-lo acolá!, não creiais. Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres a ponto de seduzir, se isto fosse possível, até mesmo os escolhidos. Eis que estais prevenidos. Se, pois, vos disserem: Vinde, ele está no deserto, não o creiais. Porque, como o relâmpago parte do oriente e ilumina até o ocidente, assim será a volta do Filho do homem.” (Mateus, 24,23-27)

Para quem conhece Jesus Cristo, portanto, não irá correr atrás de uma pessoa, mas irá prover-se do Espírito Santo, capaz de discernir entre o bem e o mal e irá colocar-se a serviço do bem, onde quer que esteja, de modo que a volta de Jesus só estará completada quando o último dos resistentes largar a espada e colocar em prática os valores ensinados por ele, assim os seus ensinamentos estarão sendo praticados do oriente ao ocidente. O Reino que nasce só pode ser considerado de Deus se ele estiver lacrado contra todos os males: a desigualdade social, as armas, as prisões, qualquer espécie de violência...
No momento em que os que se dizem cristãos, mais de dois bilhões de pessoas no mundo, resolverem seguir um único ensinamento de Cristo “qualquer um de vós se não renunciar a tudo o que tem não pode ser meu discípulo” (Lucas, 14,33), no mesmo instante quase toda a América Latina, América Central, América do Norte, Europa, Austrália, partes da África e Ásia formarão de imediato o Reino anunciado há dois mil anos atrás, que se estende de um extremo a outro da terra. Quando estes cristãos ouvirem a voz do mestre e colocarem em prática os seus ensinamentos, então os ricos e poderosos serão tirados de seus tronos e despedidos de mãos vazias. No mesmo instante não haverá mais crise financeira. Crise financeira não é nada mais do que o acúmulo de roubos nas mãos de alguns poderosos, onde ninguém quer ceder algumas migalhas para que os bilhões que dependem de emprego não passem fome. No momento em que os cristãos forem acordados pelo seu mestre, (antes de ir para cruz, por três vezes os encontrou dormindo), eles irão de fato com ele para a glória. Os ladrões já podem ser soltos, não há mais o que roubar, tudo é de todos; os soldados já podem voltar para casa, não há mais com quem fazer guerra, o inimigo foi expulso; os políticos já não querem ser eleitos, pois não há mais dinheiro para roubar.
Todos podem enfim ter uma casa, porque não falta ferro, não falta cimento, não faltam blocos, não falta mão de obra. Todas as funções importantes continuarão existindo, mas nenhuma é mais importante que a outra. Afinal, o que é mais importante ir a empresa organizar os trabalhos ou ficar em casa e trocar a fralda do bebê? Sentar-se a mesa ou servir quem está com fome? Lavar os pratos ou ensinar a ler e escrever? Tudo precisa ser feito. Onde está a justiça quando se estabelece que quem cuida do dinheiro (banqueiro) pode morar num palácio e quem recolhe o lixo deve morar na favela ou debaixo da ponte?
Eu sou apenas uma das células de um corpo que será formado por bilhões e que tem por nome Jesus Cristo. Cabe a cada ser humano decidir se quer permanecer na casa construída sobre a areia até que ela desmorone por completo ou aliar-se a esta idéia e construir a casa sobre a rocha. Aqui acaba o mito e começa a realidade. Quem não puder dizer “eu sou Jesus Cristo” e comportar-se a altura não é digno de entrar no Reino de Deus. Os que esperam um todo poderoso vão continuar esperando, mas os que ouvirem a voz da consciência e amadurecerem para um mundo justo saberão interpretar as escrituras:


“O discípulo não é superior ao mestre; mas todo discípulo perfeito será como o seu mestre.” (Lucas, 6,40)

“Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas...” (João, 14,12)




SIC

A palavra “sic” vem do latim e significa “assim, nem mais nem menos, pura e simplesmente”. Pilatos depois da crucificação de Cristo mandou colocar na cruz a inscrição INRI que significa “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”. Os seus conselheiros, no entanto, questionaram-no dizendo que colocasse a inscrição “este homem disse ser o rei dos judeus”. Como resposta teriam ouvido “sic”, “deixem escrito o que está escrito”. Este sic tornou-se para mim “SIC” (Senhor Inri Cristo). Esta é a ideia em torno da qual irá se organizar uma inteligência capaz de divulgar estes valores e criar os mecanismos e estruturas necessários para promover a transição definitiva dos valores antigos para os novos.
Esta transformação ocorre inicialmente num plano individual. Implica numa análise crítica dos problemas que assolam a humanidade desde os primórdios e numa busca consciente de soluções para estes problemas. Quem a partir desta análise chegar a conclusões semelhantes às deste livrinho, qual seja, romper a barreira do mundo antigo, quebrar as correntes que o prendem dentro da caverna (veja “A caverna” de Platão), criar a coragem de expor-se à luz e de tornar-se luz para si e para os outros, quem, enfim, praticar as idéias de Jesus Cristo, torna-se ele mesmo um sujeito SIC, um Senhor Inri Cristo. Uma vez alcançada esta transformação individual sentirse-á absolutamente rico e entenderá que o único modo de aumentar esta riqueza é multiplicar-se. Desta forma pode nascer a partir de um indivíduo uma família SIC, uma empresa SIC, uma cidade SIC, uma nação e um mundo SIC.
Se a transformação individual for efetiva ocorre automaticamente a necessidade de encontrar-se com outros para a formação de um só corpo e um só espírito. Da consciência individual nasce a consciência coletiva. Essa consciência coletiva (“Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, aí eu estarei no meio deles”) irá criar mecanismos capazes de transformar a realidade das pessoas que se envolvem com este projeto.
Assim como em 1980 nasceu no Brasil o PT (Partido dos Trabalhadores, composto por dirigentes sindicais, intelectuais de esquerda e católicos ligados à Teologia da Libertação), que posteriormente tomou o país e elegeu o representante máximo de uma nação, nasce aqui o SIC (Senhor Inri Cristo), composto por cidadãos que assumem os valores de Jesus Cristo e os colocam em prática em todas as esferas de sua vida, o que implica entre outras coisas na fundação de uma nova nação, que não infringe as leis do país em que vive, mas constitui em si mesmo um novo reino que tem por objetivo crescer e conquistar o mundo. As nações do planeta foram todas constituídas a partir de armas de fogo e sua segurança depende delas. A nova nação será erguida sem o uso de armas de fogo e também não se valerá delas para a sua defesa. Seus habitantes tem por meta estabelecer um reino de igualdade, liberdade e fraternidade. Estes cidadãos têm a consciência de que a volta de Jesus Cristo para a terra passa por eles e de que a solução dos problemas individuais, nacionais e internacionais, como guerras, violência, fome, pobreza, poluição, aquecimento global, etc. está em colocar em prática os valores ensinados por Jesus Cristo. Estes cidadãos têm consciência de que as crianças, assim como todos os seres, são filhos de Deus e o templo deles é o mundo. Estes cidadãos hão de provar na teoria e na prática que o Reino de Deus pregado por Jesus Cristo é real e depende de nós. Ele traz uma infinidade de vantagens em relação ao mundo atual refém da propriedade, do dinheiro e do poder.
O nascimento deste novo mundo depende mais e mais de que pessoas participem do processo e assumam a responsabilidade de tornarem-se elas mesmas as idéias vivas de Jesus Cristo, cientes de que esta é a realização do sonho e das profecias de Cristo; só assim haverá paz, justiça e riqueza para todos. Entenda-se por tornar-se Jesus Cristo a vivência e a busca de um Reino cuja defesa não depende das armas e cuja riqueza não está no dinheiro, mas na preciosidade de suas idéias e na prática dessas idéias, o que leva o mundo necessariamente a uma riqueza espiritual e material inigualável.
A base de todas as idéias a partir da qual os verdadeiros filhos de Deus herdarão todas as terras e as transformarão em um verdadeiro paraíso podem ser assim resumidas:

“Qualquer um de vós se não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo.” (Lc 14,33) Ou seja, se queremos aprender alguma coisa com Jesus Cristo, se queremos ser alunos e entender qualquer ensinamento dele, esta é a condição. Se esta é a condição para tornar-se aluno dele, imagine então o que será necessário para se tornar professor como ele! Portanto, o sal, a eficiência de todos os ensinamentos reside nesta máxima. Aqui podemos concluir com convicção de que os ensinamentos de Cristo foram espalhados pela terra, agora falta-nos cumpri-los.

“Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.” (Lc 16, 13) Ou seja, é preciso trabalhar para construir um Reino que se oponha ao Dinheiro. No Reino de Deus as coisas não podem ser comercializadas. Que Reino é este onde você pode vender tudo? Aquele que passa da fase de aluno para mestre sabe exatamente como construir um Reino que se opõem ao Dinheiro. Quando o Reino de Deus tiver dominado o mundo, o dinheiro já não existirá mais. Assim como um pai organiza a sua casa para que os filhos tenham acesso ao alimento, ao lazer etc. sem que precisem de uma moeda, assim estará organizado o mundo.

“Aquele que serve é mais importante do que aquele que está sendo servido.” (Lc 22, 26) Entenda-se, aquele que recolhe o lixo, o que produz os bens de consumo, o que está na base da pirâmide é verdadeiramente o dono e não os poucos que estão no pico dela, cuja função é apenas usufruir e continuar explorando. Eles não podem estar verdadeiramente preocupados com a justiça. As leis deles estão organizadas de modo que os bens deles estejam em segurança e não de uma forma para que todos possam se tornar tão ricos quanto eles. Se todos forem como eles quem vai servi-los? Um mundo de patrões e empregados nunca poderá ser justo e nunca poderá conduzir à verdadeira riqueza.

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá.” (João 11,25-26) Mortos são aqueles que têm idéias de mortos. Vivem como se fossem morrer. Quando vêem um cadáver dizem: ele morreu. O que é isto? Ele ainda não morreu. O que você vê está dentro de você. Nisto há coerência. Os mortos vêem os mortos e se preocupam com os mortos. Os vivos vêem os vivos e estão sempre com eles. Mas prá estes que há milhares de anos vêem os mortos e acreditam na morte os dias estão terminando. Eles morrem mesmo. As idéias deles estão com os dias contados. A pirâmide da injustiça e da escravidão vai desmoronar. O dia do Juízo Final chegou. Os que defendem idéias de vida eterna estão claramente separados do mundo dos que defendem idéias de mortos. De um lado estão os cabritos e de outro as ovelhas. Aqueles verão as suas idéias fracas, vencidas e mortas. E estes vão reinar para sempre.





As profecias dos maias para o sexto ciclo

Uma nova era

“No ano 2012, o sol ao receber um forte raio sincronizador proveniente do centro da galáxia mudará sua polaridade e produzirá uma gigantesca labareda radiante. Para esse dia a humanidade deve estar preparada para atravessar a porta que os maias nos deixaram, transformando a civilização atual baseada no medo em uma vibração muita mais alta de harmonia.
Só de maneira individual podemos atravessar a porta que permite evitar o grande desastre que o planeta vai sofrer, para dar início a uma nova era: um sexto ciclo do sol. Os maias asseguravam que a sua civilização era a quinta iluminada pelo sol, o quinto grande ciclo solar. Que antes havia existido sobre a terra outras quatro civilizações, que foram destruídas por grandes desastres naturais. Achavam que cada civilização é só um degrau na ascensão da consciência coletiva da humanidade. Para os maias, no último desastre a civilização havia sido destruída por uma grande inundação, que deixou alguns poucos sobreviventes, dos quais eles eram seus descendentes. Pensavam que ao conhecer o final desses ciclos muitos seres humanos se preparavam para o que vinha e que graças a isso haviam conseguido conservar sobre o planeta a espécie pensante: o ser humano. Eles nos dizem que a mudança dos tempos permite subir um degrau na evolução da consciência. Podemos nos dirigir a uma nova civilização, que manifestará maior harmonia e compreensão para com todos os seres humanos. A primeira profecia nos fala do tempo do não tempo, um período de vinte anos, chamado katun. Os últimos vinte anos desse grande ciclo solar de 5125 anos, quer dizer desde 1992 até o ano 2012, profetizaram que durante esse tempo manchas do vento solar cada vez mais intensas apareceriam no sol, que desde 1992 a humanidade entraria em um último período de grandes aprendizagens e de grandes mudanças, que nossa própria conduta de depredação e contaminação do planeta contribuiria para que essas mudanças acontecessem.
A primeira profecia diz que estas mudanças vão acontecer para que possamos entender como funciona o universo e para que avancemos a níveis superiores, deixando para trás o materialismo e nos libertando do sofrimento. O livro sagrado maia, Chilam Balam diz: “No décimo terceiro Ahau, no final do último Katun, o Itsar será arrastado e voltará a Tankar. Haverá um tempo em que estarão sumidos na escuridão e depois virão, trazendo sinal futuro os homens do sol. A terra despertará pelo norte e pelo poente, o Itsar despertará. A primeira profecia anunciou que sete anos depois do início do último Katun, quer dizer em 1999, começaria uma época de escuridão, que todos nós enfrentaríamos com nossa própria conduta. Disseram que as palavras do seu sacerdote seriam escutadas por todos nós como uma orientação para o despertar. Eles falam desta época como o tempo em que a humanidade entrará no grande salão dos espelhos. Uma época de mudanças para que o homem enfrente a si mesmo, para fazer com que ele entre no grande salão dos espelhos, se veja. Para que ele veja e analise seu comportamento com ele mesmo com os demais, com a natureza e com o planeta onde vive. Uma época para que toda humanidade por decisão consciente de cada um de nós decida mudar e eliminar o medo e a falta de respeito de todas as nossas relações. Os maias profetizaram que o começo dessa época estaria marcado por um eclipse solar que coincidiu com um alinhamento planetário sem precedentes na história. Previram que esse eclipse ocorreria na quarta feira, 11 de agosto de 1999. Esse ano foi um dos mais movimentados dos últimos 5125 anos. Foi o começo do Kauá, o número sagrado 19, que prevê a tormenta, as nuvens, o trovão. A grande transformação que precede a mudança dos tempos. A partir desta data 13 Ahau, 8 Cauac, começaram a correr os últimos 13 anos.
Os maias, assim como muitas outras culturas, descobriram que o propósito mais importante do ser humano deve ser elevar o nível de sua energia vital. Os maias a chamavam de Cauac, trata-se da mesma energia que os hindus conhecem como Prana e os chineses denominam Ti. É a energia que move o corpo, as emoções, os pensamentos. Levando a mente a vibrar mais alto, a sentir respeito por tudo o que existe, encontrando a paz, a harmonia e a felicidade... Os maias viam a vida como um eterno processo de aperfeiçoamento, seu conceito de tempo não era fatalista nem centrado na morte, com medo do final definitivo. A morte para eles era só um momento de transição para outro estado, para outro curso de aprendizagem, não representava o fim da vida. Para eles a vida era eterna, nunca terminava.... Acreditavam na reencarnação. Para eles era o modo pelo qual a energia em forma de espírito avançava em um processo de aperfeiçoamento constante... Os maias consideravam tudo o que existe como outra parte de si mesmos. Este é seu conceito mais importante. Ao sentir-se como único ser vivo com tudo o que foi criado ao seu redor produz-se no espírito um estado de sensibilidade em relação a tudo, um respeito, um cuidado que só pode conduzir ao bem comum. Isso aumenta a intuição e facilita a conexão telepática uns com os outros e a aparição da mente coletiva e a harmonia, que é o propósito do universo com as mudanças que se avizinham.
O ser humano atual pode facilitar o processo de renovação e mudança que começamos a viver, pode diminuir seu impacto e evitar os acontecimentos de destruição, desde que veja e sinta tudo ao seu redor como parte de si mesmo....

A humanidade vive uma época esperada por todas as culturas indígenas da terra. Para elas a mudança dos tempos era parte da escala evolutiva do universo. No entanto, a civilização ocidental atravessa esta época com medo, porque os livros que preparavam o ser humano para este processo foram perdidos. No ano de 325 de nossa era, o imperador Constantino organizou o concílio de Nicéia para determinar que textos sagrados seriam aprovados e quais seriam eliminados na nova religião aceita pelo Estado. Eliminaram 25 textos bíblicos e mais de vinte documentos de suporte entre eles o livro de Enó. Os aprovados foram condensados e reinterpretados, transformando-se no que hoje conhecemos como a Bíblia Sagrada. Isso nos deixou uma herança incompleta da sabedoria contida nos textos originais, eliminando informações sobre quem somos, de onde viemos, porque estamos aqui e o que podemos esperar que aconteça. Desapareceu toda a referência à evolução da consciência através da reencarnação. A ação do ser humano durante sua única vida, determina se ele passará o resto da eternidade no céu ou no inferno. Ao ver o universo na ótica de uma única vida, apareceu o conceito de um Deus injusto e arbitrário, que determina o nascimento das pessoas como ricas, pobres, doentes ou saudáveis por acaso.....
Uma das maiores transformações ocorrerá em nível planetário, porque todos os seres conectados entre si como um só todo, darão nascimento a um novo ser na ordem galáctica e a reintegração das consciências individuais de milhões de seres humanos despertará uma nova consciência, na qual todos entenderão que fazem parte de um mesmo organismo gigantesco. A capacidade de ler o pensamento entre os seres humanos revolucionará totalmente a civilização, desaparecerão todos os limites, terminará a mentira para sempre, porque ninguém poderá ocultar nada, começará uma época de transparência e de luz, que não poderá ser ofuscada por nenhuma violência ou emoção negativa. Desaparecerão as leis e os controles externos como a polícia e o exército, porque cada ser se fará responsável por seus atos e não será preciso implementar nenhum dever ou direito pela força. Será formado um governo mundial harmônico, com os seres mais sábios e evoluídos do planeta, não existirão fronteiras nem nacionalidades, terminarão os limites impostos pela propriedade privada e não será necessário dinheiro como meio de intercâmbio, serão implementadas tecnologias para o controle da luz e da energia e com elas se transformará a matéria, produzindo de maneira simples tudo o que for necessário, dando-se um basta a pobreza para sempre....
O ser humano sentirá o ser humano como outra parte de si mesmo. Os maias expressavam esse conceito de unidade em sua saudação diária: “Eu sou o outro você” e o outro respondia “você é o outro eu”. Em seus calendários deixaram dito que esta época que estamos atravessando é o final de milhares de anos de inverno e escuridão, onde a evolução espiritual se obtinha através do medo e do sofrimento. O ser humano evoluía porque ao saturar-se de sofrimento, encontrava a luz necessária para mudar. Quando caminhava compreendia a inutilidade de sua posição anterior, libertando-se de uma limitação que ele mesmo se havia imposto. Esta foi a fórmula de contraste e inverso utilizada pelo universo para conseguir que os seres humanos evoluam e tornem-se cada vez mais tolerantes e flexíveis, porque só assim encontrarão sua paz interior...” (Vídeos You Tube: Profecias Maia 2012 – Canal Infinito – Espiritualidade, Nova Consciência parte 1 e 2)

Um comentário:

  1. Alceu, muito boa sua visão, agora entendi seu projeto.
    Uma boa reflexão, de um sistema corrupto e injusto, e uma alternativa, espero que não seja uma utopia.

    * Vou dar mais uma passada ao seu texto pois não acabei de ler ainda.

    Um grande abraço

    Luciano Zamboni

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