sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Bemaventurados os que têm um coração de pobre...

“Bemaventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus.” Mt 5,3


Muitos interpretaram e interpretam esta bemaventurança de que é necessário ser pobre para entrar no Reino dos céus. Esta interpretação no entanto é apenas uma parte da verdade.


Vejamos: Quando falamos em Reino de Deus estamos nos referindo a um reino, onde todos são extremamente ricos. Se Deus é dono de todas as riquezas, seus filhos irão herdar todas estas riquezas e não haverá lugar para pobreza nem de espírito e nem material. A riqueza de espírito garantirá também a riqueza material.


Estabelece-se então um contrasenso: É preciso ser pobre para ter acesso a um reino extremamente rico? Isto merece uma explicação!


Se olharmos para Jesus Cristo, vemos de fato uma pobreza material. Ele não tinha posses. Estabelece também para os seus seguidores a mesma condição: “Qualquer um de vós se não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo.” Lc 14,33. Outrossim pede aos seus discípulos que levem seus ensinamentos a todas as pessoas. Isto implica que teremos ao final das contas um mundo sem posses. Então teremos o Reino de Deus, ou seja, ninguém é dono de nada ou de modo invertido, todos são donos de tudo.


Jesus insiste nesta postura em várias passagens: “Se alguém lhe toma o manto, deixe que leve também a túnica.” Trata-se de um espírito que em hipótese alguma está disposto a disputar os bens materiais. Este espírito sabe que tudo lhe pertence. Quando terminar a sua missão, que é a de ensinar àqueles que mantêm posses, àqueles que roubam, de que todos são donos de tudo, vamos reorganizar o mundo de acordo com este fundamento, quando esta missão for cumprida então o Reino de Cristo de fato estará estabelecido.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A parábola do Filho Pródigo

A parábola do filho pródigo


Resumo: Um pai tinha dois filhos. O mais moço não estava satisfeito e pediu a sua herança ao pai. O pai deu-lhe a herança, o filho afastou-se de casa. Em pouco tempo esbanjou tudo e começou a passar fome. Então lembrou-se do pai, junto do qual não há fome, nem violência etc. Descidiu voltar e pedir perdão. O pai o recebeu de braços abertos, vestiu-lhe as melhores roupas, colocou-lhe um anel no dedo e mandou preparar uma festa. O outro filho reclamou, pois sempre estava com o pai e o pai nunca havia feito festa alguma. Mas o pai lhe explicou que tudo sempre foi dele, mas era necessário fazer festa porque o irmão estava morto e tornou a viver.

Explicação: O pai é Deus, criador de todas as riquezas, quem está sempre com ele é dono de todas as riquezas. Jesus Cristo é o filho que sempre está com o pai. Ele deu a sua vida, foi crucificado, mas não foi possível fazer festa. Os seus seguidores foram perseguidos, mortos, caçados até que o reino que estava sendo construído por eles (veja os primeiros cristãos At 2,44-45) fosse totalmente destruído. Apenas a mensagem do reino de Deus foi passada de geração em geração e chegou até nós. O filho pródigo somos todos nós, que não aceitamos a idéia de Deus de compartilhar todos os bens, não vivemos em sua casa, onde tudo é de todos. Jesus Cristo é o filho mais velho, sempre está com o pai, e tenta nos convencer a ficar com ele: “Qualquer um de vós se não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo.” Lc 14,33

Estamos então diante de dois reinos, um é o da não posse, que é o Reino de Deus, pregado por Jesus Cristo e o outro é o da posse, o Reino do Filho Pródigo, o mundo no qual vivemos. Tudo o que foi construído por Deus durante bilhões de anos, nós, o filho pródigo, estamos gastando e esbanjando a passos largos, porque organizamos as coisas ao nosso modo. O que estamos presenciando é uma violência crescente, uma aceleração da destruição das belezas naturais. À medida que as reservas vão se esgotando ficamos cada vez mais preocupados com a nossa sobrevivência, a competição aumenta, nos tornamos mais gananciosos ainda e cada vez mais pessoas passam fome e sofrem as conseqüências de um filho estúpido que não está preparado para dividir.

Chegará o momento, e ele já chegou, em que este filho vai lembrar-se do pai. Vai lembrar-se dos ensinamentos de Jesus Cristo, vai pedir perdão e voltar para a casa.

Mas o que é voltar para a casa do pai? É colocar os ensinamentos de Cristo em prática e construir o Reino de Deus, o reino da não posse. A terra será um paraíso, onde tudo é de todos.

Quando apenas um tomar essa decisão, e for aceito, então essa volta para casa terá início e não vai cessar até cobrir toda a terra. A nossa missão em relação a de Cristo é muito mais leve. Precisamos apenas de um pequeno impulso, um pouco de coragem, sem temer as piadas que vão fazer com a gente. É o máximo que vamos ter de suportar. Mas a recompensa é imediata: a sensação de leveza, de alegria, de justiça, de vida plena não se deixa explicar. Se um tomar essa atitude, logo serão dez, vinte, mil. Todos vão poder experimentar o prazer de andar neste caminho. Ou seja, haverá uma grande festa.

Este é o motivo pelo qual o filho mais velho, Jesus, reclama com o pai. Ele, Cristo, fez tudo por nós, morreu na cruz, teve de suportar sozinho todas as dores. Agora vem este, que esbanjou tudo e logo se faz uma festa para ele. Esta reclamação no entanto é apenas simbólica. Na verdade trata-se de duas histórias do mesmo filho, pois Deus só tem um filho, Jesus Cristo. O Filho Pródigo é a morte de Cristo, o sufocamento do Reino de Deus. A volta do Filho Pródigo é a volta daquele que estava morto e tornou a vida, ou seja, o próprio Cristo. Quando lembra do pai, se arrepende. Quando entra na casa do pai, já não é mais o pródigo, mas o próprio Cristo. Ninguém entra na casa do pai se não for puro. Felizes os puros de coração porque verão a Deus. Quem é puro só pode ser Cristo. Cristo está nele e ele está em Cristo. Eles formam um só e todos que tomarem esta atitude formam um só corpo e um só espírito.

Este movimento vai começar, já começou, vai estender-se ao mundo todo e só vai parar quando ocupar todas as terras. Só quem experimentar esta volta autêntica para casa sabe do que está falando. Ela é simplesmente arrebatadora. E quando apenas uma dúzia tiver experimentado desta fonte de água viva, os que estiverem à volta também vão querer experimentar e então chegaremos ao fim de um mundo estúpido.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Que Deus estamos adorando?

Quando chove forte, quando os rios transbordam, quando os barrancos deslizam sempre atingem primeiro os mais fracos. Não seria este Deus que adoramos um Deus injusto, já que castiga sempre os mais fracos e deixa os poderosos ilesos? Ou seria este Deus ainda o mesmo Deus dos romanos que crucificaram o verdadeiro Deus?
Mas se mais de dois bilhões dizem adorar este que foi crucificado, que é um Deus justo, como explicar tanta injustiça?
A explicação é simples, os romanos apenas trocaram o nome do Deus deles e deixaram os fundamentos de um mundo injusto intacto. Donde vem a frase de Cristo: "A pedra angular foi rejeitada." Não basta ir às igrejas adorar este Jesus ou  reunir-se em casas etc. "Este povo apenas me louva com palavras." É preciso ter sede e fome de justiça.  As leis de um Deus justo postas em prática geram um mundo justo.
Mas qual é a lei de Jesus que os romanos e todas as igrejas insistem em ignorar e que mantem um Deus injusto no poder, que faz desabar todas as desgraças primeiro sobre os mais fracos? Veja Lucas 14,33.